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O governo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, está sob pressão crescente, especialmente desde que se soube, na sexta-feira, que soldados mataram três reféns "por engano", depois de confundi-los com combatentes palestinos.
Os três reféns estavam entre as cerca de 250 pessoas capturadas no ataque sem precedentes do Hamas, em solo israelita, a 7 de outubro. Pelo menos 129 permanecem em cativeiro na Faixa de Gaza.
Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e bombardeia, sem cessar, o território palestino, onde morreram cerca de 18.800 pessoas. Deste total, em torno de 70% são mulheres e crianças, conforme o Ministério da Saúde de Gaza.
"Muitos civis estão a morrer", disse a ministra francesa das Relações Internacionais, Catherine Colonna, em viagem para Israel, de onde pediu "uma nova trégua humanitária imediata e duradoura".
O chanceler israelita, Eli Cohen, reiterou a posição do governo, para quem um cessar-fogo é "um presente para o Hamas".
"Banho de sangue"
No norte da Faixa, uma coluna de fumo espesso podia ser visto neste domingo, após os bombardeamentos israelitas.
O Ministério da Saúde do Hamas relatou 24 mortos no acampamento de refugiados de Jabaliya. Muitos ainda estão "sob os escombros".
Outros bombardeamentos mataram pelo menos 12 pessoas na cidade de Deir al Balah, no centro do território palestino. Testemunhas também relataram ataques aéreos na cidade de Bani Suheila, no sul, e a AFPTV observou intensos combates na cidade de Gaza.
O serviço de emergência do hospital Al Shifa, no norte de Gaza, tornou-se "um banho de sangue", com centenas de pacientes e novos feridos a chegar "a cada minuto", afirmou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os ataques israelitas devastaram grande parte do território, e a ONU estima que 1,9 milhões de habitantes de Gaza foram forçados a abandonar as suas casas.
No final da oração do Ângelus, o papa Francisco lamentou a morte de duas mulheres, no sábado, em uma paróquia católica de Gaza e afirmou que, nesse território há "civis indefesos" que são alvo de disparos e bombardeamentos.
"Trazer os reféns vivos"
Em Israel, aumenta a pressão para libertar os reféns ainda mantidos em cativeiro no território palestino. Centenas de pessoas protestaram ontem, em Telavive. Depois, acamparam em frente à sede do Ministério da Defesa para exigir o retorno dos seus familiares.
"O governo israelita deve (...) colocar sobre a mesa sua melhor proposta para trazer os reféns vivos. Vivos”, insistiu Ruby Chen, pai de Itay Chen.
Mais de 100 israelitas e estrangeiros capturados foram libertados em troca de 240 prisioneiros palestinos durante uma trégua de uma semana em novembro, mediada pelo Qatar.
Mas, para Netanyahu, é preciso "manter a pressão militar" para trazer os reféns e acabar com o Hamas.
Ontem, o Qatar confirmou que está a fazer "esforços diplomáticos para restabelecer uma pausa humanitária".
O Hamas rejeita "qualquer negociação", se "a agressão contra o nosso povo não cessar completamente", informou no Telegram.
Temor de tensões na região
O secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, também estará em Israel, Bahrein e Qatar esta semana para reiterar "o compromisso de Washington em reforçar a segurança e a estabilidade regionais".
Nos últimos dias, os Estados Unidos, o maior aliado de Israel, pediram uma fase de "menor intensidade" na operação israelita, para proteger os civis.
O chefe da diplomacia britânica, David Cameron, e a sua homóloga alemã, Annalena Baerbock, também lançaram um apelo por um "cessar-fogo duradouro", num texto publicado no Sunday Times.
Fora de Gaza, a Autoridade Palestina lamentou neste domingo a morte de cinco palestinos na Cisjordânia ocupada, onde a violência disparou desde o início do conflito.
A guerra também faz temer um aumento das tensões na região, especialmente no Líbano, onde fica o movimento pró-Irão Hezbollah, aliado do Hamas. No norte de Israel, na fronteira com o Líbano, há trocas de disparos diárias entre o exército israelita e o Hezbollah.
Hoje, a chanceler francesa pediu uma "desescalada" da violência nessa fronteira.
"Se houver uma espiral, uma conflagração, acho que ninguém sairá beneficiado, e falo isso por Israel também", disse Colonna.
No Mar Vermelho, uma estratégica rota comercial por onde circulam 20.000 navios todos os anos, várias grandes companhias mundiais de transporte marítimo suspenderam a passagem de navios, devido aos ataques dos rebeldes huthis, do Iémen, próximos ao Irão, apresentados como resposta à guerra entre Israel e o Hamas.