Os partidos políticos teceram, esta quarta-feira, duras críticas à atuação do Governo para resolver os problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Da esquerda à direita, a maioria considerou que a ministra da Saúde veio assumir o falhanço da estratégia do Executivo.
A governante fez, esta quarta-feira, um ponto de situação do Plano de Emergência e Transformação na Saúde, anunciado pelo Governo há três meses. Ana Paula Martins reconheceu que não foi possível pôr em prática todas as mudançasque eram pretendidas, mas defendeu que aquilo que foi feito produziu bons resultados.
A ministra anunciou ainda um conjunto de medidas, com destaque para o avanço das unidades de saúde familiares tipo C, que serão geridas pelos setores privado e social.
Da esquerda à direita: críticas
Medidas que, na opinião do Partido Socialista (PS), vão agravar o estado do Serviço Nacional de Saúde. A deputada socialista Marina Gonçalves considera que a ministra veio mostrar o falhanço da estratégia do Governo para o SNS.
“Aquilo a que assistimos não foi um balanço, mas um assumir de culpas daquela que foi uma expectativa que criaram e que sabiam que não podiam concretizar, num plano de emergência que falhou", afirmou a deputada, esta tarde, em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República.
“C omo solução para futuro, aquilo que nos foi apresentado, na verdade, foi um conjunto de medidas que, em vez de resolverem o problema, vêm canibalizar o Serviço Nacional de Saúde ”, acrescentou, sublinhando que este é um “padrão” a que o Governo tem habituado o país.
Também a Iniciativa Liberal (IL)considera que a estratégia para a Saúde falhou. Rui Rocha defende que, em vez de continuar a apresentar planos, o Governo tem de executar.
“Aquilo que tivemos hoje foi a humildade de uma ministra vencida pela realidade”, atirou o líder dos liberais.
“A presentar planos não resolve nada. O que é preciso é executá-los . N os casos do plano de saúde , e les fica ram muito aquém daquilo que era desejável para o país ”, frisou.
Já oBloco de Esquerda (BE)acusa o Governo de querer transferir para o setor privado as competências do Serviço Nacional de Saúde.
“O Governo não tem a mínima vontade de melhorar o acesso à saúde”, declarou Fabian Figueiredo, líder parlamentar do BE.
"A estratégia do G overno é aumentar a transferência do Serviço Nacional de Saúde para o privado e aumentar as convenções com o privado. E foi isso que hoj e , novamente , a m inistra anunciou” , criticou.
O Partido Comunista Português (PCP) considera que o Governo reconheceu a falta de capacidade para resolver a crise no SNS e insiste na necessidade de contratação de mais profissionais.
“As medidas anunciadas da parte do Governo não são nenhumas e o que verificamos é, de facto, um quase reconhecimento da incapacidade do Governo para , não só não resolver , como para travar o agravamento que se tem vindo a verificar das condições de prestação do serviço Nacional de Saúde ”, defendeu António Filipe, deputado do PCP.
O deputado comunista refere que a solução dos problemas na Saúde “exige, obviamente, a contratação de profissionais e a garantia de atratividade para os profissionais do Serviço Nacional de Saúde”.
O Livre acusa o Governo de ter como objetivo a privatização do Serviço Nacional de Saúde, acrescentando que, ao mesmo tempo, a ministra se recusa a atualizar os valores e as carreiras dos profissionais de saúde.
“Este programa é um início da privatização do SNS, o Governo quer avançar com centros de saúde privados, anunciou a atualização do valor pago pelas ecografias obstétricas aos privados… quando a ministra se recusa a atualizar os valores e as carreiras dos profissionais de saúde”, acusa Paulo Muacho, do Livre.
Por sua vez, o PAN considera que as medidas anunciadas não correspondem às necessidades reais do país. Inês Sousa Real diz mesmo que não foram pensadas para o futuro.
“Há uma desconexão com a realidade - são medidas de curto prazo, não existe visão estratégica pela valorização e fixação dos profissionais. É mais uma mão cheia de nada”, disse.
O CDS foi o único partido a defender o trabalho feito pelo Ministério da Saúde e destacou a medida das urgências metropolitanas como uma das mais relevantes.
“Este Governo recebeu o Serviço Nacional de Saúde num estado caótico , depois de oito anos de governação socialista ”, sublinhou Paulo Núncio, líder parlamentar do CDS.
“É uma excelente notícia saber que o Governo decidiu avançar para as urgências metropolitanas, para garantir, de uma vez por todas, que existirão maternidades e urgências sempre abertas para receber as grávidas e as mães”, frisou.