Mais de dez pessoas morreram e outras foram feridas no ataque de grupos armados, no domingo, na localidade de Nacuale, na província moçambicana de Cabo Delgado, disseram hoje à Lusa as autoridades locais.

"Aconteceu massacre em Nacuale, os terroristas mataram cerca de 14 pessoas, incluindo crianças", disse uma fonte da autoridade local, a partir de Sunate (Silva Macua).

As mortes ocorreram na noite de domingo, quando o grupo invadiu a comunidade, a mais de 20 quilómetros da sede do distrito de Ancuabe, com disparos indiscriminados contra civis.

Para além dos civis, a fonte acrescentou que houve pelo menos um 'namparama' (paramilitar) morto durante o ataque, bem como feridos entre membros da Força Local e terroristas.

"Tenho informações de que houve feridos de ambos os lados, até com probabilidade de os terroristas terem baixas", disse outra fonte a partir da sede distrital de Ancuabe.

UE aprova 20 milhões de euros para combate ao terrorismo

O Conselho da União Europeia (UE) aprovou hoje um apoio adicional de 20 milhões de euros para as forças do Ruanda no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, em Moçambique, considerando que este destacamento "tem sido fundamental".

"O Conselho adotou hoje um complemento de 20 milhões de euros a uma medida de assistência existente ao abrigo do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz para continuar a apoiar o destacamento da Força de Defesa do Ruanda na província moçambicana de Cabo Delgado", indica em comunicado a estrutura que junta os Estados-membros da UE.

No dia em que os ministros dos Negócios Estrangeiros se reúnem em Bruxelas, a instituição explica que este apoio permitirá a aquisição de equipamento pessoal e cobrirá os custos relacionados com o transporte aéreo estratégico necessário para apoiar o destacamento ruandês em Cabo Delgado.

Este destacamento teve início em julho de 2021, a pedido das autoridades moçambicanas para apoiar a luta contra o terrorismo em Cabo Delgado e, de acordo com o Alto Representante da UE para os negócios estrangeiros e política de segurança "tem sido fundamental para fazer progressos".

"E continua a ser fundamental, especialmente tendo em conta a recente retirada da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique", vinca Josep Borrell, observando que "esta medida de reforço é um testemunho do apoio da UE às 'soluções africanas para os problemas africanos' e, como parte da luta global contra o terrorismo, servirá também os interesses da UE na região".

A verba adicional complementa a medida de assistência paralela, no valor de 89 milhões de euros, às Forças Armadas moçambicanas anteriormente formadas pela Missão de Formação da UE Moçambique.

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Daesh, o autoproclamado Estado Islâmico.