Mais de 175 anos após a sua morte, Frédéric Chopin continua a fazer dançar: uma valsa inédita do compositor polaco foi descoberta num cofre da Morgan Library-Museu, em Nova Iorque, noticiou o New York Times.
"O manuscrito de Morgan tem 24 compassos notados que o pianista repete uma vez. O início é notável: vários compassos temperamentais e dissonantes culminam numa forte explosão, antes de se iniciar uma melodia melancólica. Nenhuma das valsas conhecidas de Chopin começa assim, o que torna esta ainda mais intrigante. Com a duração de cerca de um minuto, esta é a mais curta das suas valsas, mas partilha o “aperto” característico das suas obras acabadas", revela o museu.
A partitura – datada entre 1830 e 1835 – foi descoberta pelo curador Robinson McClellan enquanto catalogava novas coleções do museu na primavera passada. No cabeçalho da pequena folha apenas a palavra "valsa" em francês.
"Questionei-me sobre o que poderia ser'", contou o curador Robinson McClellan ao New York Times .
Robinson McClellan, que também é compositor, disse que inicialmente não teve a certeza se a valsa tinha sido realmente composta por Frédéric Chopin, depois de tirar uma fotografia da partitura e de a tocar em casa ao piano.
Consultou mais tarde um especialista em Chopin da Universidade da Pensilvânia que afirmou que a valsa era autêntica após um exame da tinta e do papel.
A caligrafia correspondia também à de Frédéric Chopin, incluindo uma clave de fá e rabiscos característicos do génio polaco falecido em França em 1849.
"Estamos plenamente convencidos das nossas conclusões", garantiu o curador.
Segundo a Morgan Library, a música data de 1830 a 1835, quando Frédéric Chopin tinha cerca de 20 anos.
A peça inclui uma abertura austera e foi descrita pelo famoso pianista chinês Lang Lang como contendo "uma escuridão dramática que se transforma em algo positivo".
- Oiça aqui a recém descoberta valsa de Chopin tocada pelo famoso pianista chinês Lang Lang a pedido do New York Times:
Antes de o compositor polaco morrer em 1849, aos 39 anos, escreveu apenas cerca de 250 obras conhecidas - muito menos do que os seus contemporâneos mais prolíficos - por isso há algo de ainda mais extraordinário em encontrar uma peça inédita.