Foi descoberta no cemitério Royton, na cidade inglesa de Oldham, uma vala comum, com cerca de 3,5 metros de profundidade, com mais de 300 corpos, a maioria de recém-nascidos e de nados-mortos.
A aterradora descoberta foi feita por uma mulher que procurava os restos mortais dos dois irmãos, um dos quais nasceu sem vida e outro morreu poucas horas após o parto, em 1962.
De acordo com o comunicado redigido pelas vereadoras locais, Maggie Hurley e Jade Hughes, dos mais de 300 corpos encontrados, 146 pertenciam a nados-mortos, 128 a crianças pequenas e recém-nascidos e 29 a adultos.
"É uma injustiça gritante"
Até meados da década de 80, no Reino Unido, era comum os nados-mortos e os bebés que morriam pouco depois de nascerem serem retirados às famílias sem autorização dos pais, que não eram informados do destino dado aos corpos.
"É uma injustiça gritante que tenha sido negado aos pais o direito fundamental de enterrar os seus bebés, um direito que deveria ser inerente e inquestionável. Esta situação deveria despertar o nosso sentido coletivo de justiça e empatia", pode ler-se no texto das vereadoras partilhado no Facebook.
A mulher que descobriu a vala comum "ficou em lágrimas e com um profundo sentimento de perda e injustiça"
"Ela estava a precisar urgentemente de ajuda, tanto a nível emocional como prático, para lidar com esta descoberta traumática", notam as vereadoras.
Dizem ainda que esta é apenas uma de quatro sepulturas coletivas existentes no cemitério de Royton.
Cento e quarenta e sete nomes dos 303 corpos estavam registados numa base de dados online, pelo que faltam identicar 156. As vereadoras informam que já pediram aos cemitérios das redondezas para que cruzem informações e atualizem a base de dados.
Pais têm conseguido localizar restos mortais
Segundo a organização Sands, que apoia famílias que perderam um recém-nascido, citada pela Sky News, na época, a vontade dos pais não era tida em conta, caso os filhos não sobrevivessem às primeiras horas de vida.
"Os pais não eram habitualmente envolvidos e muitos não eram informados sobre o que acontecia ao corpo do seu bebé (...) Alguns pais que tentaram localizar a sepultura ou o registo de cremação de um bebé que morreu há alguns anos foram bem-sucedidos", nota a instituição.
A Sands diz ainda que antes existia uma "crença generalizada, tanto entre os profissionais como na sociedade em geral, de que era melhor continuar como se nada tivesse acontecido", após o falecimento dos bebés.
"É possível que tenham sido desencorajados a falar ou a recordar o seu bebé e desencorajados a exprimir a sua dor".