1 - Os americanos vão mesmo querer outra vez o mentiroso?

Donald Trump mentiu mais de 30.500 vezes nos quatro anos em que foi Presidente (a contabilidade foi feita pelo The Washington Post), mas pode estar próximo de voltar à Casa Branca. Será que os eleitores americanos vão mesmo querer isso? Vejamos algumas das mentiras ditas enquanto Presidente.

“Não choveu na minha tomada de posse”. Ou aos primeiros dias da pandemia: “O coronavírus está sob controlo”. Quando do furacão Dorian: “O Alabama foi o estado mais afetado (nota: o Alabama não foi sequer afetado). Foi o início de toda o caminho que os republicanos trumpistas enveredaram de pôr em causa a verdade até em relação às condições meteorológicas. Outra mentira infame: “Ilhan Omar (nota: congressista democrata do quinto distrito do Minnesota, nascida na Somália, muçulmana) pertenceu à Al Qaeda”. Um disparate pegado.

Também mentiu ao garantir: “Acabei com a separação de famílias de imigrantes ilegais”. Desumano. “Biden vai destruir as proteções para condições pré-existentes dos seguros”. O contrário. E, claro, também a mentira estilo “tio maluco”: “Eólicas causam cancro”. Outra muito reveladora do que foi enquanto governante – e da sua incapacidade legislativa. “O meu plano de Saúde chega daqui a duas semanas” (nota: nunca chegou). E, claro, o negacionismo eleitoral: “Ganhei a eleição de 2020 e houve fraude maciça”.

Jonathan Drake

2 – “Momentum” Trump é máquina democrata por mobilizar

Em que ponto estamos, a exatamente duas semanas da grande decisão? Kamala precisa de ativar a base democrata tradicional (negros e latinos incluídos): se o fizer em grande escala, ganha. O problema está no voto masculino, sobretudo de negros e latinos, que neste momento ameaçam, numa parte significativa, optar por Trump.

Kamala terá outro desafio: retomar a vantagem no voto suburbano branco, que há quatro anos deu vantagem a Biden. Já do lado republicano, a questão estará mais na capacidade de levar às urnas eleitores de baixa qualificação e baixo rendimento. Por enquanto, Trump parece ter o “momentum”, sobretudo na Rust Belt, mas Kamala Harris tem ainda alguns dias para ativar a máquina do Partido Democrata, que pode ainda surpreender na reta final.

O movimento MAGA é forte, mas não chega para vencer. A coligação democrata é maioritária, potencialmente superior, mas está com problemas de mobilização.

Jacquelyn Martin

Uma interrogação: o que decidirá esta eleição tão disputada?

Estados decisivos:

  • CAROLINA DO NORTE -- Kamala 51 / Trump 49 (Atlas Intel, 12 a 17 out)
  • PENSILVÂNIA -- Trump 50 / Kamala 48 (Quantus Insights, 17 a 20 out)
  • WISCONSIN -- Kamala 50 / Trump 47 (The Bullfinch Group, 11 a 18 out)

Voto popular: Trump 48 / Kamala 47 (TIPP, 18 a 20 out)