1 -- Kamala precisava de liderança mais robusta nos hispânicos

Sim, Kamala está à frente nos latinos. Mas para manter a vantagem em alguns estados decisivos, sobretudo na Sun Belt (Arizona, Geórgia, Nevada, um pouco também Carolina do Norte), talvez precisasse de vantagem mais robusta. Sondagem nacional NBC News/Telemundo/CNBC revela que a liderança democrata no eleitorado hispânico está a diminuir. Harris perdeu algum terreno com os latinos, numa altura em que estes eleitores importantes são mais propensos do que o eleitorado geral a citar a economia e o aumento do custo de vida como principais prioridades. Em ambas as questões, os eleitores latinos dão vantagem a Trump, mas a maioria deles prefere Harris pelo temperamento, competência e por ter a saúde física e mental necessária para ser presidente. O apoio a Kamala é de 54% entre os eleitores latinos registados, de acordo com a pesquisa, enquanto Trump obtém 40% e outros 6% dizem que não têm certeza ou que não votariam. A margem de erro da pesquisa é de mais ou menos 3,1 pontos percentuais. Embora a vantagem de 14 pontos de Harris seja uma melhoria em relação à posição do presidente Joe Biden antes de desistir, ainda é inferior às lideranças anteriores que os candidatos presidenciais democratas obtiveram em 2012 (por 39 pontos), 2016 (50 pontos) e 2020 (36 pontos).

2 -- Os imigrantes ilegais e as condenações

Donald Trump vai focar, nesta reta final da corrida, grande parte das suas energias na questão da imigração e na alegada incapacidade da Administração Biden de gerir o problema da fronteira do Texas com o México: “Joe Biden ficou totalmente incapaz. Kamala nasceu assim… ela já nasceu assim”. Trump culpa Kamala e Joe Biden pelo que chama de uma invasão de criminosos violentos. “No início deste ano, enquanto Rachel estava a fugir, foi brutalmente violada e assassinada por um estrangeiro ilegal nojento que pôde entrar nos Estados Unidos graças a Kamala e as suas leis frouxas. Ela, eles, cada um dos meus assassinos... nós tínhamos aquele grande... ela teria, ele nunca teria sido capaz de entrar. Ela impediu cada um deles. Ela era o czar das fronteiras agora. Ela não admite isso”. O tema vai, provavelmente, dominar as atenções no debate Vance/Walz desta madrugada.
UMA INTERROGAÇÃO: Será que o debate dos vices vai ter relevância real na dinâmica desta corrida?

Todos os Presidentes dos EUA:

40 – Ronald Reagan (1981-1989) Vice-Presidente: George H.W. Bush

Partido: Republicano

Ator, governador da Califórnia por oito anos, foi dos Presidentes mais populares e marcantes da História da América. Voz influente do Conservadorismo americano, prometeu “uma nova manhã para América”. Definiu o governo como “o problema e não a solução” e inverteu as políticas de reforço do “welfare state”. Lançou o programa “guerra das estrelas” para ganhar hegemonia nuclear em relação à URSS, mas acabou a promover a distensão, em conjunto com Gorbachov, que levaria à queda do muro de Berlim.

41 – George H.W. Bush (1989-1993) Vice-Presidente: Dan Quayle

Partido: Republicano

Foi congressista pelo Texas, líder do Comité Nacional Republicano, chefe da Comissão de Ligação EUA/China, Embaixador nas Nações Unidas, Diretor da CIA, vice-presidente nos oito anos de Reagan (para quem perdeu as primárias republicanas de 1980). Eleito com grande maioria contra Mike Dukakis, liderou os EUA na Primeira Guerra do Golfo, em 1991, e geriu cautelosamente a queda do Muro de Berlim e a implosão da URSS, entre 1989 e 1991. Presidiu ao fim da guerra fria, inaugurando uma nova era. Teria frase comprometedora para a reeleição: “Read my lips: no new taxes” (leiam os meus lábios: não vou criar novos impostos). Teve que o fazer e perdeu em 1992 para um jovem governador do Arkansas.

42 – Bill Clinton (1993-2001) Vice-Presidente: Al Gore

Partido: Democrático

Eleito pela primeira vez com apenas 43% do voto popular, beneficiou da cisão do eleitorado conservador, entre a tentativa falhada de reeleição de Bush e a campanha anti-fiscal, protecionista e populista do multimilionário Ross Perot. Liderou a América em oito anos de grande prosperidade económica e avançou para a revolução digital. Mas viu a sua presidência manchada pela condenação de “impeachment” na Câmara dos Representantes, só não consumada pela falta de dois terços no Senado.

(amanhã: George W Bush, Barack Obama)

Uma sondagem:

ARIZONA -- Trump 48 / Kamala 42

(USA Today/Suffolk, 21 a 24 set)