1 - Compreender os problemas de Kamala na Pensilvânia

Kamala Harris surge geralmente melhor na Rust Belt que na Sun Belt. Mas há uma diferença a identificar nos três estados da Cintura da Ferrugem: enquanto no Michigan e no Wisconsin a vantagem de Harris sobre Trump, embora curta e dentro das margens do empate técnico, aparece consistente, já na Pensilvânia são mais os estudos que nos mostram um empate ou, apenas, um ponto de distância entre os dois, do que propriamente aquelas sondagens pontuais que colocam Kamala 4 ou 5 pontos à frente. O que estará em causa?

Charles F. Mcelew, em texto assinado de Scranton, Pensilvânia, nota num artigo de fundo do “Politico”: “Os laços locais e as raízes culturais de Joe Biden mantiveram-no competitivo no nordeste culturalmente conservador da Pensilvânia. As perspetivas de Harris na região fortemente católica e da classe trabalhadora são mais arriscadas.”

Biden, segundo presidente católico da história americana (o primeiro foi JFK), não se cansa de recordar que nasceu e cresceu em Scranton, Pensilvânia, e gosta de lembrar as suas origens nos democratas irlandeses. Joe é um deles: católico, branco, frequentou a igreja de St. Paul. Isso, recorda Mcelew, tê-lo-á levado à vitória em 2020 no condado de Lackawanna, o centro populacional do nordeste cada vez mais vermelho republicano da Pensilvânia.

“Mas agora, enquanto os democratas lutam pelo Estado com Kamala Harris como candidata, as suas hipóteses de vencer na região ou de ter um desempenho suficientemente bom para vencer o Estado parecem consideravelmente mais arriscadas. Não é apenas a perda de Biden – um homem católico, mais velho, branco e com afinidade pela classe trabalhadora – do topo do ticket que preocupa os democratas locais. É a dissonância cultural com Harris, uma californiana e mulher negra que liderou as mensagens sobre o aborto pós-Dobbs do partido. Esse perfil faz dela uma escolha estranha numa região da classe trabalhadora, vigiada de perto e economicamente pressionada, que tem sido historicamente um local de atividade anti-aborto.”

Teria Josh Shapiro ajudado Kamala na Pensilvânia, se fosse a escolha para vice? Nunca vamos saber. Mas Tim Walz, pelo menos, parece-se mais com o perfil Midwest que Harris. Isso, sem dúvida.

2 - Os imigrantes ilegais e as condenações

Dezenas de milhares de imigrantes ilegais com crimes sexuais e condenações por homicídio podem estar soltos nas ruas, de acordo com dados do Immigration and Customs Enforcement (ICE) fornecidos aos legisladores nos últimos dias. A agência forneceu dados ao congressista Tony Gonzales, republicano do Texas, sobre dados nacionais para imigrantes ilegais com acusações criminais ou condenações.

Os dados, a partir de julho de 2024, são divididos entre os detidos e os que não estão detidos – conhecido como súmula de não detidos. A lista de não detidos inclui imigrantes ilegais que têm ordens finais de remoção ou estão em processo de remoção, mas não estão detidos sob custódia do ICE. Atualmente, existem mais de 7 milhões de pessoas nesse segmento. Os dados dizem que, entre os que não estão detidos, há 425.431 criminosos condenados e 222.141 com acusações criminais pendentes.

Estes incluem 62.231 condenados por agressão, 14.301 condenados por roubo, 56.533 por drogas e 13.099 condenados por homicídio. Outros 2.521 têm condenações por sequestro e 15.811 têm condenações por agressão sexual. Há mais 1.845 com acusações pendentes de homicídio, 42.915 com acusações de agressão, 3.266 com acusações de roubo e 4.250 com acusações de agressão. O tema vai, certamente, ser explorado pelo candidato a vice-presidente no ticket de Donald Trump, JD Vance, no debate da próxima terça-feira (já madrugada de quarta em Portugal continental), frente a Tim Walz, governador do Minnesota e número dois do ticket de Kamala Harris.

Uma Interrogação: Será que vamos mesmo saber o vencedor das eleições quando raiar a manhã de 6 de novembro de 2024?


Todos os Presidentes dos Estados Unidos da América

37 – Richard Nixon (1969-1974) Vice-Presidentes: Spiro Agnew e Gerald Ford

Partido: Republicano

Vice-presidente de Eisenhower durante oito anos, perdeu para Kennedy as eleições de 1960. Mas ganharia em 1968, aproveitando a não recandidatura do Presidente Johnson, do lado democrata. O Vietname e o “Watergate” viriam a marcar uma presidência que terminou com a própria demissão na véspera de poder ter sido afastado por “impeachment” no Senado. Foi responsável pela abertura política e diplomática à China, em 1972, uma viragem geopolítica.

38 – Gerald Ford (1974-1977) Vice-Presidente: Nelson Rockefeller

Partido: Republicano

Tomou posse após a resignação de Nixon, em ambiente muito tenso na política americana. É, até hoje, o único americano a ter sido Presidente e vice-presidente sem nunca ter sido eleito pelo Colégio Eleitoral. Perdeu as eleições de 1976 para o democrata Jimmy Carter.

39 – Jimmy Carter (1977-1981) Vice-Presidente: Walter Mondale

Partido: Democrático

Governador e senador pela Geórgia, colocou os democratas de regresso à Casa Branca, depois dos anos Nixon e Ford. Ganhou com grande margem em 1976, mas falharia a reeleição em 1980 para Ronald Reagan, em parte graças à crise dos reféns da

(amanhã: Ronald Reagan, George HW Bush, Bill Clinton)

Uma sondagem:

PENSILVÂNIA -- Kamala 49 / Trump 49

(FOX News, 20 a 24 set)