É de curvas, contra-curvas e retas que se faz o percurso de Maria Antónia Saldanha. A atual coutry manager da Mastercard Portugal formou-se em Relações Internacionais na expectativa de construir uma carreira global. Mas rapidamente percebeu que, à época, o curso (ainda pouco conhecido) abria sobretudo as portas à carreira diplomática, que “não era algo que ambicionasse”.
Com o sentido prático e a capacidade de adaptação que lhe são reconhecidos, reescreveu o futuro pela via da comunicação, onde trabalhou mais de duas décadas. Passou por agências, trabalhou grandes marcas, foi diretora de contas, diretora de Marca e Comunicação do Novo Banco e diretora global de Marca e Comunicação Corporativa na SIBS.
Na empresa cresceu onde podia e quando percebeu que “estava muito confortável” e “não havia espaço para crescer verticalmente”, despediu-se. Estávamos em fevereiro de 2020, a escassas semanas do mundo enfrentar uma pandemia. “Eu, literalmente, quando saio da SIBS não tinha absolutamente nada à minha espera e dependo do meu salário para viver, não tenho rendimentos extra, portanto, pago as minhas contas com o meu trabalho”, recorda.
Com o mercado de trabalho totalmente parado e com a incerteza de como seria quando tudo retomasse à normalidade, Maria Antónia confessa que questionou o futuro: “perguntava-me se aquilo que eu sabia fazer e as minhas competências ainda seriam necessárias”.
Assim que o país começou a desconfinar, foi agarrando oportunidades. “Digo sem vergonha, cheguei a trabalhar como rececionista, num ginásio, a ganhar 400 euros limpos para poder pagar uma parte das contas”. Quando a oportunidade da Mastercard, estava ainda desempregada. E olhando para trás, a atual country manager não tem dúvidas de que a sua escolha para o cargo foi um quebrar de estereótipos: “quando sou contratada, tenho 46 anos, sou mulher e estou desempregada”. Características que para muitas empresas “infelizmente ainda são um desincentivo”.
Mais, sublinha, era uma profissional do sector da comunicação a ser contratada para uma função estratégica de gestão. “Muito poucas entidades reconhecem competências de gestão em alguém que veio da comunicação. Se é da comunicação, alguma vez vai saber gerir uma empresa? Ela percebe lá disso”.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios: