As falhas no socorro por parte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) já serão responsáveis por 11 mortes nas últimas semanas mas, esta quarta-feira, num declaração aos jornalistas no Parlamento o líder do Chega, André Ventura, denunciou mais um alegado caso de falta de assistência médica que resultou numa morte.

“Um jovem tentou pôr fim à sua vida, através de enforcamento, mas ainda tinha sinais de vida. Houve uma tentativa de o socorrer, mas quando o auxílio foi pedido pela prisão [de Leiria], a chamada não foi atendida”, diz André Ventura.

Segundo o líder partidário, “ao fim de 40 minutos sem resposta", os bombeiros decidiram agir por iniciativa própria, mas o jovem “veio a falecer umas horas depois no hospital”.

“É inadmissível em qualquer país civilizado do mundo em que morra um jovem num estabelecimento do Estado, por falta de auxilio medico, que a ministra [da Saúde] insista em manter-se em funções. É algo nunca visto na democracia portuguesa e europeia”, afirma Ventura, acusando Ana Paula Martins de “negligência”.

Versão diferente é a dos serviços prisionais. À SIC a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) confirmou a morte de um recluso do Estabelecimento Prisional de Leiria no “dia 7 de novembro no Hospital de Leiria, onde se encontrava internado desde o dia 4 de novembro”.

Mas, acrescenta, “daqui resulta que o óbito nada teve a ver com questões respeitantes a atrasos no socorro a vitimas”.

A mesma nota refere que “a ocorrência”, a que Ventura se referiu, “resultou de uma tentativa de suicídio de um recluso com 19 anos que foi detetada em tempo pelo chefe de Guardas que é também bombeiro e que efetuou de imediato manobras de reanimação”.

O contacto para o 112 foi feito “às 21h44, tendo os Bombeiros Sapadores de Leiria também sido contactados de imediato. O contacto com o INEM foi feito por estes. Os bombeiros deram entrada no Estabelecimento Prisional às 22h05 e o INEM às 22h10”.

Esclarecimentos insuficientes para o líder do Chega que já pediu a intervenção do Presidente da República, depois de criticar o “silêncio” de Marcelo sobre se a ministra da Saúde tem ou não condições para continuar.

INEM demora a convocar serviços mínimos

O INEM só convocou os serviços mínimos três minutos antes de começar o último turno do dia de greve na função pública, quando percebeu que faltariam os trabalhadores que eram necessários.

A ministra da Saúde afirma que é uma matéria onde é preciso apurar responsabilidades, mas recusa responder se tinha conhecimento de que os serviços mínimos não tinham sido acionados de forma antecipada.

O presidente do INEM, Sérgio Dias Janeiro, assumiu que foi impossível cumprir os serviços mínimos durante a grave.