Este é o primeiro julgamento em mais de quatro décadas contra um ministro em Singapura, um país pequeno e próspero conhecido pela eficiência, pelo autoritarismo moderado e pela baixa corrupção.

Iswaran, que esteve presente no Tribunal Superior no primeiro dia do julgamento, já tinha admitido ser culpado em quatro crimes, no âmbito de uma lei que proíbe os funcionários de obterem presentes de elevado valor de qualquer pessoa quando era ministro e um por obstrução à justiça, noticiou a estação de televisão local Channel News Asia.

O ex-ministro, de 62 anos, foi anteriormente acusado de corrupção, punível com uma multa e até sete anos de prisão, mas as últimas acusações implicam uma pena máxima de multa e até dois anos de prisão por cada presente.

Na audiência, o Ministério Público pediu seis a sete meses de prisão para as cinco acusações, enquanto a defesa argumentou que, se fosse necessária uma pena de prisão, esta não devia exceder oito semanas.

Os presentes recebidos incluíam bilhetes para teatro, jogos de futebol e Grande Prémio de Fórmula 1, bem como garrafas de uísque, voos internacionais e estadas em hotéis, entre outros, avaliados num total em cerca de 400 mil dólares de Singapura (280 mil euros).

O tribunal também reconheceu que Iswaran devolveu ao Estado 380 mil dólares de Singapura (265 mil euros) e vários objetos que recebeu.

Por se tratar "de um ministro de grande antiguidade e estatuto amplifica o efeito [negativo] do comportamento do arguido", declarou o procurador-geral adjunto Tai Wei Shyong, na abertura do julgamento.

Em janeiro, Iswaran, que ocupou várias pastas ministeriais desde 2011, declarou-se inocente de todas as acusações e demitiu-se do cargo para se concentrar em recuperar a imagem. No entanto, durante esta audiência, o arguido mudou de estratégia.

"Declaro-me culpado", disse o ex-ministro, de forma tímida, após a leitura dos cinco crimes de que é acusado.

A detenção de um alto funcionário, como o antigo ministro, é invulgar na próspera cidade-Estado, um centro financeiro global onde os membros do gabinete recebem alguns dos salários mais elevados do mundo para evitar a corrupção.

O processo contra Iswaran está ligado ao magnata imobiliário Ong Beng Seng, que trouxe o prémio de Fórmula 1 para Singapura em 2008, e ao empresário David Lum. Nenhum deles foi acusado de qualquer delito.

EJ // VM

Lusa/Fim