O antigo diretor dos Serviços Prisionais defendeu esta quinta-feira no Parlamento o “brio” e “profissionalismo” dos guardas profissionais. Ouvido sobre a fuga de Vale de Judeus, Rui Abrunhosa Gonçalves disse, ainda assim, que é preciso apurar responsabilidades.

“Eu não ponho em causa o brio e o trabalho profissional dos guardas profissionais. Mas é preciso apurar responsabilidades”, disse.

Rui Abrunhosa revelou que, no dia da fuga, a 7 de setembro, estavam de serviço 33 guardas, o contingente “estipulado” para aquele dia. O antigo diretor acrescentou que a fuga pode ser explicada “por uma coisa que os delinquentes fazem que se chama teoria das atividades rotineiras”.

“Verificam as rotinas dos guardas e aproveitam falhas”, explicou.

Cerca elétrica funcionava ou não? “Fui mal interpretado”

Depois de ter dito que a cerca elétrica da prisão de Vale de Judeus não podia funcionar, Rui Abrunhosa Gonçalves admitiu ter sido mal-interpretado, explicando que estava a falar dos sensores de infravermelhos.

“Voltando à questão da cerca elétrica, peço desculpa porque fui mal interpretado, o que queria referir é que há lá uns painéis sensoriais infravermelhos que realmente nunca funcionaram e deitavam a luz abaixo e ainda por cima havias animais roedores naquela zona que roíam os cabos. Parece uma brincadeira, mas são coisas estruturais”, afirmou.

O ex-subdiretor dos Serviços Prisionais, Pedro Veigas Santos, também foi ouvido. Assumiu falhas e explicou que a demolição das torres de vigilância da prisão de Vale de Judeus, em 2017, se terá ficado a dever à falta de orçamento.

"Aquilo que se previa de custo era na ordem dos 250 a 280 mil euros por cada torre, o que significa que o orçamento para as quatro torres seria sempre superior a um milhão de euros".

A fuga de Vale de Judeus

Cinco reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, no concelho de Azambuja, a 7 de setembro.

Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos.

Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.

Com LUSA