Canva

A dois dias de uma greve da classe que, recorde-se, há duas semanas motivou a suspensão das negociações, o Ministério da Saúde recebeu o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e a Plataforma Sindical Compromisso Pela Enfermagem, tendo o Governo mostrado, desta vez, abertura para aumentos.

“O que nós sentimos da parte da ministra da Saúde e dos responsáveis do Ministério das Finanças é que existe a vontade de se aproximarem daquilo que nós estamos a defender e que o facto de nos mantermos em processo negocial está a ajudar os enfermeiros”, disse Emanuel Boleiro, do Sindicato Nacional de Enfermeiros.

As negociações vão continuar em setembro mas a tutela terá mostrado, segundo a Plataforma Sindical Compromisso Pela Enfermagem, disponibilidade para aumentos na ordem dos 400 euros a pagar de forma progressiva durante, pelo menos, dois anos.

“Continuamos a falar dos tais dois índices remuneratórios. Como é óbvio, a nossa proposta mantém-se inalterada. Temos reunião já marcada no dia 12 de setembro e nesse dia esperamos concretizar uma proposta de aumento salarial já para o ano de 2024 que ainda não está fechada, o que é certo é que vamos ter aumentos salariais para todos os enfermeiros já a partir do dia 1 de novembro”, concretizou Emanuel Boleiro.

A ministra reuniu depois com os representantes do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP). Mas à saída, em declarações aos jornalistas, o presidente do SEP, José Carlos Martins, não poupou nas críticas à proposta da tutela.

Inadmissível, intolerável, vergonhosa” foram estes os adjetivos que usou para classificar uma proposta de aumentos que, e contrariamente ao que foi avançado pela Plataforma Sindical Compromisso Pela Enfermagem, não só não abrange todos os profissionais, como está muito distante dos 400 euros.

“Não é admissível para a enfermagem portuguesa que depois da valorização social e política que foi feita, o Governo assumiu que era para valorizar os profissionais no sentido de reter e atrair como é que isto se materializa numa proposta de 52 euros. Impensável e inimaginável e por isso há que desenvolver e continuar com formas de luta”, avisou José Carlos Martins.

O aumento que esteve em cima da mesa no encontro com o SEP “foi de 52 euros”. A dúvida sobre a diferença nos valores não foi esclarecida. Certo é apenas que se mantém a greve agendada para a próxima sexta-feira.

“(…) há todas as razões, melhor, há razões acrescidas para que os enfermeiros manifestem fortemente a sua indignação aderindo à greve no dia 2 de agosto e a outras lutas que vão acontecer”, apelou o dirigente do SEP.

[Notícia atualizada às 21:40]