No Hospital de S. João, no Porto, a adesão à greve dos funcionários públicossitua-se, às primeiras horas desta sexta-feira, nos 80%, valor que poderá até aumentar ao longo do dia, de acordo com Orlando Gonçalves, coordenador da delegação do Norte do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais.

À SIC, Orlando Gonçalves revela que a paralisação está a afetar com maior impacto as consultas externas e as cirurgias não urgentes da "maioria dos hospitais do país, principalmente os dos grandes centros urbanos". Ainda assim, estão, naturalmente, assegurados os serviços mínimos.

"A greve tem tido uma adesão enorme, principalmente nestes dois setores (saúde e educação), que é também onde temos 165.000 trabalhadores a ganhar o salário mínimo dentro da administração pública, o que corresponde a 22% dos trabalhadores e mais 190.000 a ganhar menos de 1.000 euros. Ou seja, 34% da administração pública ganha abaixo de 1.000 euros", explica.

O coordenador sindical aponta que, a nível nacional, estima-se que a adesão atinja os 80%. No São João, esta manhã, as primeiras estimativas indicam que 80% dos profissionais não estão a executar funções.

Quanto à manifestação agendada para a tarde desta sexta-feira, em Lisboa, o objetivo é juntar 5.000 profissionais, uma meta que, garante Orlando Gonçalves, será ultrapassada apenas com os trabalhadores que não pertencem à Área Metropolitana de Lisboa.

A ação reivindicativa está também a afetar com grande impactos as escolas públicas. Há registo de muitos estabelecimentos de ensino encerrados por todo o país.

Trabalhadores exigem aumento de 150 euros

No caderno reivindicativo, a Frente Comum, organizadora da manifestação exige aumentos salariais de, pelo menos, 15%, com um mínimo de 150 euros por trabalhador, a partir de janeiro de 2025.

Além disso, a Frente Comum, afeta à CGTP, exige também um aumento intercalar das remunerações, com o intuito de "repor o poder de compra perdido", e quer que o subsídio de alimentação seja aumentado para 10,50 euros, segundo o texto final da proposta reivindicativa para 2025, aprovado no final de setembro.

A proposta da Frente Comum prevê um aumento do salário mínimo na administração pública para 1.000 euros, a partir de janeiro.

Esta proposta de atualização salarial da Frente Comum é superior ao valor que o Governo propôs aos sindicatos da Administração Pública, que pressupõe que a base remuneratória da administração pública suba para 875 euros em 2025.