O incêndio da Madeira progrediu e atingiu o Pico Ruivo esta noite, de acordo com a proteção civil regional, que pediu um novo reforço de mais 45 operacionais do continente, que já deverá chegar esta quarta-feira à região.

"O pior cenário que temos neste momento é o que decorre da propagação do [fogo] no Curral das Freiras que progrediu pela cordilheira central da região e atingiu o Pico Ruivo [no concelho de Santana]. Esta é uma zona muito complexa. Não se consegue atuar nesta zona devido às condições do terreno", adiantou à agência Lusa presidente do Serviço Regional de Proteção Civil.

De acordo com António Nunes, os operacionais estão a tentar conter a progressão para sítios mais problemáticos, encontrando-se no local 11 operacionais, com o apoio de cinco meios.

"Face ao evoluir desta forma desfavorável foi solicitado à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil [ANEPC] o reforço de pessoal que veio do continente e está previsto durante o dia de hoje recebermos mais 45 elementos", adiantou.

Segundo António Nunes, terá de ser avaliada a utilização de helicópteros no local.

"A operação dos meios aéreos a estas altitudes é bastante complexa. Não é uma coisa que se faça de forma linear. Nós temos que fazer uma avaliação e ver se os pilotos, o helicóptero, têm capacidade para o fazer, pois ventos àquela altitude são muito erráticos e nós não queremos ter mais um problema com a perda do helicóptero", contou.

Propagação do incêndio acontece após “uma noite intensa de combate”

O fogo que agora lavra em Pico Ruivo acontece após uma noite de combate intenso no Curral das Freiras, concelho de Câmara de Lobos, descendo a encosta em direção a uma zona habitacional, e uma pessoa acamada foi retirada, disse o presidente do município.

Leonel Silva indicou que "foi uma noite intensa de combate" no local, tendo sido posicionados "bombeiros numa linha de água, numa vereda que fica a norte das habitações", e foi possível "conter a progressão do fogo nesse ponto". Esta manhã “as zonas habitacionais estão fora de perigo”, informou o autarca.

"O fogo continua ativo na zona do Lombo do Portais, mas é uma zona montanhosa, muito escarpada, não é habitacional, não é agrícola. É uma zona florestal pura e dura, mas ele continua muito ativo e em progressão", explicou.

Leonel Silva complementou que "os meios continuam empenhados no local", aguardando a possibilidade de intervir em condições de segurança.

"Neste momento não há nenhuma zona habitacional para já que esteja sequer próximo de perigo, mas estamos preparados para intervir logo que seja oportuno e possível", reforçou. No local estão cinco viaturas ligeiras, uma pesada e vários meios humanos.

"Neste caso será necessário meios humanos, de facto, mas temos o número de pessoas suficientes para já. Nesta fase é aguardar a progressão", concluiu.

Incêndio na Serra de Água está perto de terminar

No que diz respeito a outras zonas da ilha, o fogo está a evoluir favoravelmente na Serra de Água, no município de Ponta do Sol, segundo a Proteção Civil,

"Temos a esperança que se consiga terminar aquela frente durante o dia hoje. No local estão 64 operacionais, com o apoio de 16 meios. No Curral das Freiras, que ontem [terça-feira] era uma preocupação grande devido às residências que ali existem, neste momento não temos qualquer problema. Temos pessoal em prevenção, que fizeram umas linhas de corta-fogo para evitar que este desça a encosta para salvaguarda das habitações", disse António Nunes.

Cerca das 08:00, estavam no local 22 operacionais, com o apoio de sete meios terrestres.

O incêndio rural na Madeira deflagrou há uma semana, dia 14 de agosto, nas serras da Ribeira Brava, propagando-se na quinta-feira ao concelho de Câmara de Lobos, e, já no fim de semana, ao município da Ponta do Sol.

Nestes oito dias, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos, e da Furna, na Ribeira Brava.

O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento, agora mais reduzido, e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas e infraestruturas essenciais.

Três bombeiros já receberam assistência hospitalar por exaustão e sintomas relacionados com "mau estar e indisposição", não havendo mais feridos.

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, indicados pelo presidente do Serviço Regional de Proteção Civil, António Nunes, apontam para 4.392 hectares de área ardida até às 12:00 de terça-feira.

A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, diz tratar-se de fogo posto.