O serviço de monitorização Copernicus Atmosphere Monitoring Service (CAMS) estima que os incêndios florestais em Portugal libertaram em três dias o valor mais elevado de carbono para o mês de setembro nos últimos 22 anos. O fumo deverá chegar a Espanha e França durante o fim de semana.

A previsão a 5 dias de aerossóis a partir do dia 18 de setembro às 12 UTC.
A previsão a 5 dias de aerossóis a partir do dia 18 de setembro às 12 UTC. Fonte: CAMS

Vários incêndios florestais têm afetado o norte de Portugal desde 14 de setembro, resultando nas maiores emissões totais estimadas para setembro - incluindo carbono e poluentes nocivos como PM10 e PM2,5 - nos 22 anos do conjunto de dados do CAMS Global Fire Assimilation System (GFAS ).

As emissões totais de carbono estimadas, utilizadas como indicador da intensidade dos incêndios, são de 1,9 megatoneladas de carbono até 18 de setembro. O total mais elevado em setembro em Portugal foi de aproximadamente 1 megatonelada de carbono em 2003.

As colunas de fumo destes incêndios florestais têm vindo a deslocar-se em direção ao Atlântico, mas prevê-se que passem a circular pelo norte da Península Ibérica, através do Golfo da Biscaia em direção ao oeste de França, nos próximos dias.

O Copernicus realça que a previsão de chuva para o fim de semana pode ajudar a extinguir ou reduzir o número de incêndios.

Significativa redução da qualidade do ar no norte de Portugal

Prevê-se uma degradação significativa da qualidade do ar no norte de Portugalpara os próximos dias como resultado destes incêndios florestais, com as concentrações previstas de partículas finas PM2,5 nesta região a permanecerem relativamente elevadas pelo menos até 25 de setembro.

PM2,5 refere-se a partículas com 2,5 mícrons ou menos de diâmetro, podendo ter maiores implicações para a saúde pública, uma vez que podem penetrar profundamente no sistema respiratório e potencialmente entrar na corrente sanguínea.

Os incêndios afetam qualidade do ar e afetam a saúde, pelo que os especialistas deixam recomendações.

Mais de 121 mil hectares arderam desde domingo

A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 121 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas zonas atingidas pelos incêndios nos últimos dias, nas regiões norte e centro, já arderam 100.492 hectares.

As zonas mais afetadas localizam-se nas regiões de Aveiro, Tâmega e Sousa, Viseu Dão Lafões e Área Metropolitana do Porto, que totalizam 100.492 hectares de área ardida, 83% da área ardida em todo o território nacional.

De acordo com o sistema Copernicus, que recorre a imagens de satélite com resolução espacial a 20 metros e 250 metros, a contabilização do total de área ardida desde domingo chega aos 121.342 hectares.

Uma das zonas mais críticas continua a ser na Região de Aveiro, que inclui as zonas entre Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Águeda, onde a área ardida mais aumentou em relação ao dia anterior, contabilizando-se agora 26.784 hectares, mais 4.819 hectares do que na quarta-feira.

A sub-região de Viseu Dão Lafões é a mais afetada pelos incêndios que lavram desde o fim de semana, com 36.358 hectares de área ardida.

Na sub-região do Tâmega e Sousa, que inclui as zonas entre Felgueiras e Marco de Canaveses, o sistema Copernicus contabiliza 21.581 hectares de área ardida desde segunda-feira.

Com 15.769 hectares de área ardida desde domingo, a Área Metropolitana do Porto segue-se entre as zonas mais afetadas, sobretudo devido aos incêndios nas zonas de Arouca, Castro Daire e Gondomar.

Na sub-região do Ave, arderam 9.877 hectares, contabilizando-se ainda 8.636 hectares de área ardida no Alto Tâmega.

Total do ano: 139.819 hectares consumidos por 168 incêndios significativos

A área ardida em Portugal continental este ano totaliza já, segundo o sistema Copernicus, 139.819 hectares consumidos por 168 incêndios significativos (com 30 hectares ou mais de área ardida) contabilizados pelo sistema europeu de observação da Terra.

Nos incêndios que atingem desde domingo as regiões Norte e Centro do país morreram sete pessoas, embora oficialmente a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil apenas contabilize cinco, excluindo da contabilização duas pessoas que morreram de doença súbita no contexto dos fogos.

Cerca de 120 pessoas ficaram feridas, dezenas de casas foram destruídas e as autoridades cortaram estradas e autoestradas.

O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias.