A Inteligência Artificial (IA) já não faz apenas parte do mundo da ficção, mas sim da realidade dos nosso dias. É nesse contexto que surge o Optimise, uma ferramenta que pode revelar-se um aliado de peso no combate às mortes por doenças cardiovasculares.

O Optimise, um novo sistema de IA desenvolvido por investigadores daUniversidade de Leeds, no Reino Unido, analisou os registos, feitos entre 1998 e 2008, de mais de dois milhões de pacientes com mais de 30 anos.

Foram identificadas 416.228 pessoas com maior risco de contraírem doenças como insuficiência cardíaca, AVC e diabetes.

Concluiu-se também que este grupo de pacientes representava 74% das pessoas que morreram devido a uma doença relacionada com o coração.

Um outro projeto-piloto do Optimise, que envolveu 82 doentes de alto risco, atestou que um em cada cinco sofria de uma doença renal crónica não diagnosticada.

Este outro estudo permitiu ainda que os médicos alterassem a medicação de mais de metade dos doentes que sofrem de tensão arterial elevada.

De acordo com a investigação da Universidade de Leeds, o Optimise poderá revelar-se fundamental para que os médicos façam diagnósticos mais precoces e, com isso, tratem os doentes antecipadamente, o que evitará várias mortes e aliviará os sistemas públicos de saúde.

A BBC, que cita os investigadores a cargo do desenvolvimento do sistema, nota que já está em curso a preparação para um ensaio clínico de maiores dimensões.

"Esperamos que a nossa investigação acabe por beneficiar os doentes que sofrem de doenças cardíacas e do sistema circulatório (...) A seguir, planeamos realizar um ensaio clínico em que prestamos cuidados aos doentes orientados por médicos", revelou o Dr. Ramesh Nadarajah , um dos envolvidos nos trabalhos.

À emissora britânica, Bryan Williams, diretor científico e médico da British Heart Foundation, que financiou a investigação, lembrou que o diagnóstico precoce é a chave para evitar mortes prematuras:

"Um quarto de todas as mortes no Reino Unido é causado por doenças cardíacas e circulatórias e este novo e empolgante estudo aproveita o poder da tecnologia de IA em constante evolução para detetar a multiplicidade de condições que contribuem para isso”.

As conclusões deste projeto foram apresentadas pelos investigadores responsáveis noCongresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, que teve lugar em Londres entre 30 de agosto e 2 de setembro.