A operação que começou na segunda-feira à noite é a mais recente incursão de Israel ao Líbano, naquela que é uma longa história de invasões e incursões militares ao país vizinho.

Nos últimos meses, Israel envolveu-se numa guerra fronteiriça contra o movimento libanês Hezbollah, apoiado pelo Irão, paralelamente ao conflito em Gaza.

Depois de assassinar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, na passada semana, Israel anunciou que se estava a preparar para invadir o Líbano, com o objetivo de estabilizar a situação na fronteira.

A agência Reuters faz agora uma cronologia das incursões e invasões de Israel ao Líbano:

1948

Juntamente com outros países árabes, o Líbano luta contra o nascimento do Estado de Israel. Cerca de 100 mil palestinianos, que fugiram ou foram expulsos das suas casas na Palestina governada pelos britânicos durante a guerra, chegam ao Líbano como refugiados. Em 1949, Israel e Líbano chegam a acordo para um cessar temporário das hostilidades.

SIC Notícias

1968

Os comandos israelitas destroem uma dezena de aviões no aeroporto de Beirute, em resposta a um ataque de guerrilheiros palestiniano contra um avião de Israel.

Dois anos depois, a Organização para a Libertação da Palestina muda-se para o Líbano após ser expulsa da Jordânia, o que provoca mais conflitos na fronteira entre os dois países.

Os destroços de um avião no aeroporto de Beirute, 28 de dezembro de 1968
Os destroços de um avião no aeroporto de Beirute, 28 de dezembro de 1968 HARRY KOUNDAKJIAN

1973

As forças especiais de Israel matam três líderes guerrilheiros da Palestina, em Beirute, numa retaliação ao ataque a atletas israelitas durante os Jogos Olímpicos de 1972, em Berlim. Onze israelitas morrem no ataque orquestrado por militantes palestinianos do grupo ‘Setembro Negro’.

Durante a década de 70, há uma escalada da violência na fronteira, com os ataques da guerrilha palestiniana a Israel e a retaliação por parte dos israelitas contra alvos no Líbano. Isto leva muitos libaneses a fugir do sul do país e agrava a tensão num país à beira da guerra civil.

1978

Israel invade o sul do Líbano e estabelece uma zona de ocupação, numa operação contra guerrilheiros palestinianos após um ataque perto de Tel Aviv. No mesmo ano, Israel anuncia o apoio ao Exército do Sul do Líbano, uma milícia cristã que surge durante a Guerra Civil no país.

Beirute, Líbano. 4 de janeiro, 1982
Beirute, Líbano. 4 de janeiro, 1982 SIC Notícias

1982

Israel invade o Líbano, chegando mesmo à capital, Beirute, após um tiroteio na fronteira.

Milhares de combatentes palestinianos são retirados, por mar, após um cerco sangrento de 10 semanas à capital libanesa. É neste ano que ocorre o massacre de Sabra e Chatila. Milhares de civis são assassinados nos campos de refugiados palestinianos por milícias cristãs libanesas, apoiadas pelo exército de Israel.

E é também neste ano que surge o Hezbollah, no Líbano. Criado pela Guarda Revolucionária do Irão, o grupo armado xiita tem como objetivo combater a invasão israelita.

Sabra, uma das cidades massacradas pelas forças israelitas, 1982
Sabra, uma das cidades massacradas pelas forças israelitas, 1982 Rawas

1985

Israel retirou-se do centro do Líbano em 1983, mas manteve as forças no sul. Dois anos depois, estabelece uma zona de ocupação formal no sul do país, que fica a controlar com o seu aliado, o Exército do Sul do Líbano.

O Hezbollah trava combates com as forças de Israel.

Um carro-bomba que explodiu nos subúrbios de Beirute, Líbano, 8 de março, 1985
Um carro-bomba que explodiu nos subúrbios de Beirute, Líbano, 8 de março, 1985 NABIL ISMAIL

1993

Em julho, Israel lança a “Operação Responsabilidade" (ou a Guerra dos Sete Dias, no Líbano), um ataque contra território libanês, que dura uma semana. Os israelitas dizem que o objetivo é atacar diretamente o Hezbollah, dificultar as suas operações no sul do Líbano e pressionar o governo libanês a intervir contra o grupo armado.

1996

Com os constantes ataques do Hezbollah contra as forças israelitas no sul e o disparo de rockets contra o norte de Israel, surge a “Operação Vinhas da Ira”. A ofensiva levada a cabo por Israel contra o Líbano mata mais de 200 pessoas, incluindo 102 numa base da ONU. Durante 16 dias, são realizados mais de 1.100 ataques aéreos, acompanhados por contantes bombardeamentos.

Os destroços deixados pelo ataque israelita contra uma base da ONU, Qana, Líbano. 18 de abril, 1996
Os destroços deixados pelo ataque israelita contra uma base da ONU, Qana, Líbano. 18 de abril, 1996 JOSEPH BARRAK

2000

Israel retira-se do sul do Líbano, após contínuos ataques a posições militares israelitas no território libanês ocupado pelo Hezbollah. A retirada põe fim a 22 anos de ocupação.

2006

Em julho, o Hezbollah atravessa a fronteira para Israel, rapta dois soldados e mata outros militares. O ataque desencadeia uma guerra que dura cinco semanas e envolve pesados ataques de Israel, não só contra os redutos do Hezbollah, como também infraestruturas do Líbano.

Enquanto as forças terrestres de Israel avançam para o sul do Líbano, grande parte do conflito dá-se com ataques aéreos e disparo de foguetes.

A guerra termina sem Israel conseguir alcançar os seus objetivos militares e com o Hezbollah a declarar “vitória divina”. Pelo menos 1.200 pessoas, a maioria civis, morrem no Líbano e 158 israelitas, a maioria militares, são mortos.

KEVIN FRAYER

2024

Na noite desta segunda-feira, Israel dá início a uma nova incursão no Líbano, com uma operação “direcionada” e “delimitada” no sul do país contra alvos do Hezbollah. Uma “ofensiva terrestre” com recurso a artilharia pesada e a ajuda da Força Aérea.