"Uma pasta da agricultura ou uma pasta da habitação que agora foi criada ou da inovação ou da juventude, qualquer delas, tem mais a ver com os problemas que afligem os portugueses no quotidiano do que, no fundo, uma pasta dos serviços financeiros em que o interlocutor de base de Maria Luísa Albuquerque vai ser os grandes 'lobbies' da finança. Se isso já é assim, normalmente, na Comissão Europeia, aqui, enfim, temos praticamente mais uma comissária da Goldman Sachs do que uma comissária de Portugal", defendeu.

Rui Tavares falava aos jornalistas na Assembleia da República depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter proposto hoje a atribuição da pasta dos Serviços Financeiros e União de Poupança e Investimento à comissária nomeada por Portugal, Maria Luís Albuquerque.

O deputado do Livre realçou que "há um longo caminho" que Maria Luís Albuquerque terá de percorrer para chegar ao lugar de comissária europeia, que inclui uma audição perante o Parlamento Europeu, e insistiu na importância de ouvir a ex-governante social-democrata na Assembleia da República antes.

A audição de Maria Luís Albuquerque neste âmbito já foi aprovada na Comissão de Assuntos Europeus mas a sua presença é facultativa uma vez que se trata de uma ex-governante.

O deputado considerou como "o mínimo de diplomacia" que Maria Luís Albuquerque preste esclarecimentos ao Parlamento Europeu mas também ao parlamento "do país que a indica" para o cargo.

"Creio que numa altura de crise social na Europa, de crise ambiental na Europa, em que seria muito importante que a comissária indigitada portuguesa pudesse ter um papel muito relevante no alívio e na proteção das condições de vida das pessoas, Maria Luísa Albuquerque vai servir mais os serviços financeiros do que os cidadãos comuns europeus, e essa é uma pasta que, no fundo, claro, tem a ver com o seu percurso, mas o seu percurso é aquilo que o Governo da Luís Montenegro escolheu", salientou.

O deputado referiu que a pasta proposta para Maria Luís Albuquerque "tem como principal objetivo criar uma união de capitais na União Europeia" e alertou que tal "pode ser bem feito ou mal feito".

Rui Tavares deixou ainda uma nota de preocupação depois de ter sido noticiado que um aluno que esfaqueou hoje seis colegas numa escola de Azambuja, distrito de Lisboa.

"Esperemos que tudo se passe bem e enviamos daqui os nossos votos de solidariedade com as famílias, com aquela comunidade escolar", afirmou.

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