Um novo estudo, conduzido por investigadores australianos, defende que fixar luzes LED na parte inferior de pranchas de surf ou caiaques previne ataques de tubarões-brancos.

Um grupo de cientistas da Universidade Macquarie, em Nova Gales do Sul, Austrália, colocou diversas pranchas em forma de foca com diferentes intensidades e disposição de iluminação nas águas da Baía Mossel, na África do Sul – um local de alimentação para os tubarões-brancos -, de forma a determinar se as luzes afastam estes grandes predadores dos oceanos.

A combinação que mostrou ser mais eficaz foi aquela onde as luzes eram mais fortes e estavam dispostas pela prancha na horizontal.

"Os nossos resultados revelam a importância de uma silhueta escura contra um fundo mais claro no comportamento predatório dos grandes tubarões-brancos e que a alteração da silhueta pode constituir a base de uma nova tecnologia não invasiva de dissuasão dos tubarões para proteger a vida humana", lê-se no estudo.

Inicialmente, os responsáveis pelo trabalho científico obtiveram sucesso ao cobrir totalmente com luzes LED a parte inferior da prancha usada para testes, mas garantem que isso não seria viável quando utilizado para proteger pessoas:

"Se quisermos realmente criar algo para proteger as pessoas, [cobrir totalmente] uma prancha de surf (...) não é prático porque é uma enorme quantidade de iluminação, que precisa de uma enorme quantidade de energia da bateria", explica Laura Ryan, autora principal, citada pelo The Guardian

Os investigadores concluíram que a iluminação distorce a silhueta das presas na superfície e limita a capacidade de o tubarão-branco ver contra a luz do sol.

O estudo "Contraluz reduz mordidas de tubarões-brancos", publicado na revista científica Current Biology, e citado pela BBC, aponta, no entanto, que esta descoberta terá ainda de ser testada para perceber se afasta também outras espécies de tubarão que já atacaram humanos, como o tubarão-touro e o tubarão-tigre.

Os tubarões-brancos são a espécie de tubarão responsável por mais ataques mortais contra humanos, o que pode ser explicado pelo facto de, por vezes, confundirem a silhueta de um surfista em cima da prancha com a de uma foca.

A nível global, as maiores vítimas de ataques de tubarões são os surfistas e os praticantes de outros desportos aquáticos.

Segundo o Museu de História Natural da Flórida, há registo de 69 ataques de tubarão, em 2023, a nível glocal, dos quais resultaram 10 mortes.

Os países onde estas situações acorrem com maior frequência são a Austrália, os EUA e a África do Sul.

Os investigadores avançam ainda que já estão a ser produzidos protótipos para instalar em pranchas de surf ou caiaques.