De acordo com informações divulgadas hoje pelas autoridades do Chade à agência de notícias EFE, só na última semana o Chade registou 146 mortes resultantes das inundações.
Na Nigéria, o número de mortos também aumentou de 259 para 269, e mais de 640.000 pessoas tiveram de deixar as suas casas, informou hoje a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
"Até à data, registámos 487 mortes relacionadas com as cheias e quase 1,7 milhões de pessoas afetadas (...). É um número alarmante e estamos a pedir ajuda aos parceiros do Chade", disse à EFE o vice-presidente do Comité Nacional de Prevenção e Gestão de Cheias, Mahamat Assileck Halata, confirmando os dados divulgados na passada sexta-feira pelas Nações Unidas.
De acordo com Halata, as chuvas destruíram 200 mil casas e mais de 355 mil hetares de terras agrícolas, enquanto 66 mil cabeças de gado foram perdidas num fenómeno que afetou 117 dos 120 departamentos do país.
As zonas onde se registaram mais mortes são as províncias de Logone Est e Mayo-Kebbi Ouest, no sul do país, e Ouaddaï e Wadi Fira, no leste, embora a província de Lac (oeste) tenha o maior número de pessoas afetadas pela catástrofe.
"Todos os campos estão inundados. As nossas colheitas estão a apodrecer na água. Esta situação não augura nada de bom para o dia de amanhã: se as pessoas não colherem o que semearam, haverá fome nos próximos meses", lamentou Jonas Masra, um habitante da cidade de Sarh, na província de Moyen-Chari (sul), também em declarações à EFE.
Para além do Chade, há meses que chuvas fortes atingem vários países da África Ocidental e Central, incluindo a Nigéria, a República Democrática do Congo (RDC), a República Centro-Africana (RCA), o Togo, a Costa do Marfim, a Libéria, o Níger e o Mali.
Esta situação agrava as circunstâncias de uma população já vulnerável devido à pobreza crónica, ao subdesenvolvimento, aos conflitos e à instabilidade política.
Segundo números divulgados também hoje pela agência de notícias Bloomberg, as cheias numa faixa da África Central e Ocidental e Ocidental deixaram sem casa pelo menos 2,9 milhões de pessoas, além de estarem a devastar as colheitas numa região que já tem falta de alimentos e assolada pela insegurança.
As fortes chuvas na metade ocidental da zona semi-árida do Sahel zona semi-árida do Sahel, que faz fronteira com o deserto do Saara de África, é provável que se mantenham, de acordo com a Rede de Sistemas de Alerta Precoce contra a Fome.
O dilúvio deste ano - que coincide com uma época crucial para as colheitas - é atribuído ao aquecimento global pelos especialistas.
Uma grande parte do Sara receberá mais de 500% da sua precipitação normal de setembro, segundo o bloguer Severe Weather Europe, que publica previsões meteorológicas.
O Grupo Internacional de Salvamento descreveu as inundações na região como as piores em 30 anos e as estimativas do Centro de Riscos Climáticos da Universidade da Califórnia, em Santa Barbara mostram que grandes extensões do Mali e da Mauritânia e da Mauritânia registaram os níveis de precipitação mais elevados de que há registo nos primeiros dez dias de setembro, segundo a Bloomberg.
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