Mark Rutte, ex-primeiro-ministro dos Países Baixos, tomou posse nesta terça-feira como secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). Rutte, de 57 anos, sucedeu a Jens Stoltenberg, durante uma cerimónia no quartel-general da organização político-militar, em Bruxelas. A tomada de posse ocorreu pelas 9h30 locais (8h30 em Lisboa).

Na primeira intervenção que fez enquanto secretário-geral, Rutte definiu a sua prioridade para o início do mandato: “Assegurar que a NATO continua forte.” O ex-primeiro-ministro dos Países Baixos disse que para cumprir esse objetivo são necessárias “mais forças, com mais capacidades e mais inovação”.

“Para fazer mais precisamos de investir mais, não há uma análise custo-benefício que possa ser feita se queremos proteger as nossas pessoas”, completou, no início de uma reunião do Conselho do Atlântico Norte, minutos depois de tomar posse.

Também no arranque do seu mandato, Mark Rutte estabeleceu como prioridade “aproximar ainda mais a Ucrânia da NATO”, dando sequência à criação do Conselho NATO – Ucrânia, criado com esse propósito na cimeira de 2023. “Não há segurança duradoura na Europa sem uma Ucrânia forte e independente. Sei por experiência própria, com o voo MH14, que o conflito na Ucrânia não está circunscrito às suas fronteiras”, sustentou.

O novo secretário-geral alertou que é necessário “adaptar a Aliança a um mundo cada vez mais complexo” e que a organização político-militar é capaz de debelar “qualquer ameaça”. “É uma das minhas prioridades adaptar a Aliança [Atlântica] a um mundo cada vez mais complexo”, disse Rutte. Para isso, a NATO tem de “assegurar que há capacidades”. “Só assim podemos proteger-nos contra qualquer ameaça”, argumentou.

O ex-secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que deixou o cargo dez anos depois de o assumir, considerou que a Aliança Atlântica “está em boas mãos” com Mark Rutte, considerando que tem toda a experiência política. “[A NATO] está em boas mãos”, disse Stoltenberg à entrada para a cerimónia de transição.

O ex-primeiro-ministro dos Países Baixos tem “toda a experiência” para ser um “grande secretário-geral” da organização político-militar, defendeu Stoltenberg. Já no arranque da reunião do Conselho do Atlântico Norte, com os embaixadores e a presença dos secretários-gerais da NATO, o que cessou funções e o novo, Jens Stoltenberg disse que Mark Rutte “é conhecido por todos” e que “não cede nos valores” da Aliança Atlântica.

Rutte é o 14.º secretário-geral da NATO, o quarto oriundo dos Países Baixos. Na realidade, houve 16 pessoas a encabeçar a organização político-militar desde a sua génese, em 1949, mas os italianos Sergio Balanzino (outubro a dezembro de 1995) e Alessandro Minuto-Rizzo (dezembro de 2003 e janeiro de 2004) ocuparam interinamente o cargo, até ocorrer a transição.

Mark Rutte foi primeiro-ministro dos Países Baixos durante 14 anos e foi confirmado como sucessor de Jens Stoltenberg em 26 de junho deste ano. O novo secretário-geral da Aliança Atlântica inicia funções numa altura em que as tensões geopolíticas estão no nível mais elevado dos últimos anos.

Não só a guerra na Ucrânia continua, a caminho dos três anos de conflito, sem grandes avanços de parte a parte e sem perspetiva real de um cessar-fogo, como o conflito no Médio Oriente poderá alastrar, com os recentes confrontos entre Israel e o Hezbollah no Líbano.

Para início de mandato, o novo secretário-geral da NATO terá de assegurar que o financiamento dos países do bloco continua a aumentar, para que o limite de investimento de 2% do Produto Interno Bruto em defesa seja o mínimo e que haja cada vez mais contingentes preparados para intervir.

Em simultâneo, depois de 5 de novembro, a NATO poderá ter de enfrentar o regresso de Donald Trump à Casa Branca e o seu ceticismo em relação à Aliança Atlântica, que no passado chegou a ameaçar com a saída dos Estados Unidos da América.

No entanto, minutos antes de tomar posse, Mark Rutte disse que "não está preocupado" com o resultado das eleições e que trabalhará com Donald Trump ou com a democrata Kamala Harris, que concorre contra o republicano.