Donald Trump foi trabalhar para o McDonald’s. Trabalhar é como quem diz. O restaurante estava fechado. Fez uma visita de estudo, em que lhe mostraram a cozinha e lhe ensinaram como tudo funciona. A poucas semanas das eleições que vão deixar meio mundo a comer por stress, o magnata frito foi fritar batatas fritas.

É compreensível que Donald Trump tenha afinidade com restaurantes de fast food. Um dos pratos favoritos do candidato é bife bem-passado barrado com ketchup. Ou seja, mesmo quando a comida é fresca, ele envida esforços para que ganhe um sabor artificial. Também não é assim tão estranho que um candidato a Presidente dos Estados Unidos da América vista um avental. Trump vestiu o do McDonald's, George Washington vestia o da Maçonaria. Duas instituições que guardam segredos sobre o que se passa no interior das lojas.

A mensagem subliminar desta ação de campanha é a de que, ao contrário de Biden, ele consegue completar um turno inteiro. Ao mesmo tempo, é como se já tivesse sido eleito: Trump tem prometido deportações em massa de imigrantes, pelo que vai ter de ser ele mesmo a trabalhar nas cozinhas. Donald Trump, nos últimos tempos, procura estar mais em contacto com as vivências do cidadão comum - com sucesso, diga-se. Só este ano, Trump teve um part-time numa cadeia de fast-food e foi alvejado. Ou seja, está a ter a experiência típica de um aluno de uma secundária americana.

Os meios de comunicação afetos a Trump consideram que esta foi uma jogada de génio. Portanto, em termos de marketing político, estamos muito à frente dos Estados Unidos. Aqui há uns meses, Pedro Nuno Santos quis fritar uma fartura em frente às câmaras. O que torna ridículo que, em campanhas políticas, tentemos imitar os americanos: para quê fazer cá town halls, quando o que resulta é o Paulinho das Feiras.

Fico a pensar quão longe poderia ter chegado Marcelo Rebelo de Sousa, caso fosse norte-americano. Se um candidato a fritar batatas é uma ideia disruptiva que granjeia simpatia, imaginem passar uma tarde a beber shots de licores caseiros em mercados tradicionais. Se Trump tivesse a resistência ao álcool de Marcelo, Kamala não teria qualquer hipótese.