O secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu este domingo que a "melhor resposta possível" ao regresso de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos é "fortalecer o multilateralismo".

Questionado durante uma conferência de imprensa de antecipação da cimeira do G20, no Rio de Janeiro, perante a possibilidade de Trump voltar a recuar em relação a acordos globais, como os acordos climáticos, Guterres disse que "o mais importante é reconhecer a importância do multilateralismo" e reforçar as instituições.

"Se isso for feito ao nível das Nações Unidas, na arquitetura financeira internacional, se forem estabelecidos diálogos significativos entre os governos" essa seria "a melhor resposta possível", frisou.

Guterres defendeu também com veemência a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, que referiu ser a forma ideal de "combater as enormes desigualdades e injustiças que existem no mundo".

O secretário-geral da ONU respondeu nestes termos quando questionado sobre a posição da Argentina, cujo Presidente, Javier Milei, considera a Agenda 2030 um produto do "marxismo cultural".

A Argentina, de facto, retirou-se pouco depois do início da cimeira do clima COP29, em Baku, e também não assinou uma declaração ministerial sobre o empoderamento das mulheres no G20, em outubro.

Esta posição poderá agora ser transferida para a reunião de líderes do G20, que se realiza esta segunda e terça-feira no Rio de Janeiro, onde um dos temas a abordar será precisamente a crise climática.

"Se o G20 estiver dividido, perde relevância global e isso é altamente indesejável num mundo que já tem tantas divisões geopolíticas", afirmou.

As reuniões de segunda-feira e terça-feira no Rio de Janeiro serão presididas pelo chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, país que este ano assumiu a liderança do grupo das 20 maiores economias do mundo, que agregam cerca de dois terços da população mundial, 85% do PIB e 75% do comércio internacional.

Para além dos representantes dos países membros plenos do grupo, mais a União Europeia e a União Africana, são esperados representantes de 55 países ou organizações internacionais, entre os quais Portugal - país convidado pelo Brasil -, que será representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, Angola, representado pelo seu Presidente, João Lourenço, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Com Lusa