Candice Bergen ficou conhecida por protagonizar a série "Murphy Brown" nos anos 90 e fez uma referência velada ao candidato republicano a vice-presidente JD Vance, que tem criticado mulheres que têm gatos em vez de filhos. O conservador argumentou que quem não tem filhos deveria ter menos direitos políticos.
"A minha personagem foi atacada pelo vice-presidente Dan Quayle quando Murphy ficou grávida e decidiu criar o bebé como mãe solteira", lembrou Bergen, agora com 78 anos, sobre a polémica que a série gerou.
"Como chegámos longe", continuou. "Hoje, um candidato republicano a vice-presidente nunca atacaria uma mulher por ter filhos. O meu trabalho aqui está feito", disse, terminando com "miau".
A cerimónia também marcou uma reunião do elenco da série "The West Wing" ("Os Homens do Presidente" em Portugal), num cenário que serviu de réplica da Sala Oval.
A atriz Allison Janney disse que era "difícil de acreditar" que, há 25 anos, o criador Aaron Sorkin teve de usar a imaginação para criar narrativas interessantes para a série. Isso é em oposição ao que acontece hoje, respondeu o ator Richard Schiff, "em que as histórias podem ser tiradas diretamente das notícias, histórias que os argumentistas considerariam difíceis de acreditar ou mesmo ridículas há 25 anos".
Janel Moloney concretizou o paralelo entre a série e o que está a acontecer agora na política norte-americana. "O nosso cenário político mudou dramaticamente nos últimos anos", afirmou a atriz, ressalvando que aquilo que continua a ser essencial é "a importância de toda a gente garantir que está recenseada para votar".
Durante a cerimónia de entrega dos prémios da Academia de Televisão, também o ator colombiano John Leguizamo fez um discurso politizado, no qual chamou a indústria e os estúdios a aumentarem a diversidade em Hollywood.
Leguizamo fez menção às críticas dos conservadores a iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), brincando que foi uma das "contratações DEI de Hollywood".
Embora tenha reconhecido que há progresso a acontecer, Leguizamo notou que "não nos queixarmos não muda as coisas".
"Precisamos de mais histórias de grupos excluídos. Negros, asiáticos, judeus, árabes, LGBTQ+ [sigla para lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e 'queer'] e pessoas com deficiência", urgiu Leguizamo. O ator salientou que a cerimónia desta madrugada tinha o grupo de nomeados mais diversos de sempre.
A 76ª edição dos Emmy fez mesmo história ao premiar como Melhor Série dramática a produção japonesa "Shogun", a primeira vez que um trabalho de língua não inglesa venceu a estatueta.
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