Com cânticos de "morte a Israel" e "morte à América", os manifestantes reuniram-se na Praça Imam Hussein, onde também se ouviram frases de apoio ao "Eixo da Resistência", uma aliança informal anti-israelita liderada por Teerão e que integra os libaneses do Hezbollah, os palestinianos do Hamas, os Huthis do Iémen e as milícias xiitas do Iraque.

"Haniyeh, Hassan, o vosso caminho continua", cantavam os manifestantes, referindo-se aos líderes mortos do Hamas (Ismail Haniyeh) e do Hezbollah (Hassan Nasrallah).

A multidão agitava as bandeiras do Irão e dos seus aliados Hezbollah, Líbano e Palestina, bem como as fotografias de Nasrallah, segundo os relatos da agência noticiosa estatal IRNA.

A manifestação ocorreu um dia depois do lançamento de cerca de 200 mísseis, incluindo mísseis hipersónicos, segundo o regime de Teerão, contra o território israelita, em resposta aos assassinatos de Nasrallah, do general de brigada da Guarda Revolucionária iraniana Abbas Nilforushan, e de Haniyeh. Da parte de Israel foi estimado o disparo de 180 mísseis.

Apesar desta concentração na capital do Irão, e de acordo com a EFE, a grande maioria dos iranianos viveu o dia com aparente normalidade e com uma certa despreocupação no rescaldo dos ataques.

"Por agora estou a viver normalmente, a fazer as compras de rotina e na cidade até está tudo normal e parece que não aconteceu nada", disse Mahan, uma dona de casa de 58 anos, que estava num supermercado cheio de clientes no norte de Teerão.

Ainda assim, expressou receio sobre as consequências do ataque contra Israel.

"Acho que teria sido melhor se o Irão não tivesse atacado Israel", disse a mulher, em declarações à EFE.

Israel prometeu punir o Irão pelos mísseis disparados contra o seu território na terça-feira à noite, ameaçando ainda com uma resposta ainda mais forte se o país voltar a ser visado.

O bombardeamento iraniano de terça-feira foi o segundo feito por este país diretamente contra Israel, após um outro realizado em abril em resposta a um ataque aéreo mortal ao consulado iraniano em Damasco, que Teerão atribuiu a Israel.

Os israelitas têm bombardeado redutos dos xiitas libaneses do Hezbollah, incluindo ataques violentos no sul de Beirute na madrugada de hoje.

Desde o mês passado, Israel divergiu a atenção da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque de 07 de outubro de 2023 contra o seu território pelo movimento islamita palestiniano Hamas, para proteger a sua fronteira norte com o Líbano, onde o exército de Telavive combate o Hezbollah.

Israel e Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado diário desde outubro de 2023, após o ataque do Hamas em solo israelita que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza, levando a que dezenas de milhares de pessoas tenham abandonado as suas casas em ambos os lados da fronteira israelo-libanesa.

PL // SCA

Lusa/Fim