"Peito" é, antes de mais, "uma espécie de fecho de ciclo", disse a cantora em entrevista à agência Lusa.
No terceiro álbum que edita, Mimicat decidiu trabalhar com pessoas que já a tinham acompanhado na criação do primeiro disco, editado há dez anos.
"O álbum no fundo representa essa viagem. Como tenho experimentado muita coisa ao longo da minha carreira, até porque gosto de fazer géneros diferentes, o álbum é mesmo essa mostra de versatilidade também, mas acima de tudo de criatividade, daquilo que têm sido dez anos de Mimicat, por onde já andei, de onde é que vim e para onde estou a ir", referiu.
A decisão de editar um novo álbum foi tomada há três anos. "Tinha zero expectativas para ele, mas tinha a certeza que queria fazer um álbum, mostrá-lo às pessoas e fazer o melhor que conseguisse. E já sabia que queria fazer esta viagem", contou.
Na mesma altura decidiu que o álbum sairia em edição de autor, terminando assim a relação com a editora Sony Music Portugal.
"Fui artista da Sony durante dois discos. Decidi fazer o resto do meu caminho como artista independente, por muitos motivos mas principalmente por não haver qualquer tipo de condicionamento ao que eu quisesse fazer", explicou.
Composto por 12 temas, "Peito" tem 'soul', fado, música popular portuguesa, swing e jazz, mas, "apesar de passar por muitos géneros, é sempre a Mimicat em cada qualquer uma das canções".
"Além de sonoramente e a nível de estética haver muitas coisas que unem os temas, é mesmo a forma como eu escrevo. Este disco foi o primeiro em que escrevi quase todo em português, portanto acaba por ser também a minha mostra do que é a minha estética em português", disse.
No ano passado Mimicat representou Portugal no Festival Eurovisão da Canção com um tema cantado em português, "Ai Coração", que escreveu há dez anos.
Depois disso, tudo o que escrevia na língua materna não lhe agradava. Até há cinco anos, quando começou a escrever canções que achou "que estavam decentes".
"A partir daí comecei sempre a querer escrever em português. Eu achava que a minha estética não funcionava em português, mas quando descobri que sim fiquei entusiasmada com o português, e confesso que ultimamente já componho muito pouco em inglês", partilhou.
Ainda assim, quis que o inglês estivesse presente em "Peito". "Quis fazer uma homenagem a essa fase da minha carreira. Componho músicas todas as semanas, e há músicas que vão ficando. E essas duas em inglês [que encerram o álbum] foram ficando sempre. Quando decidi há três anos fazer o álbum, essas duas eram obrigatórias", contou.
A participação na Eurovisão "sem dúvida abriu muitas portas e criou muitas oportunidades" à cantora, a quem já passou pela cabeça "desistir da música 500 vezes".
"Trouxe-me um público que eu não tinha, uma notoriedade que eu ainda não tinha conseguido", disse, partilhando que ao longo da carreira chegou a tentar fazer algumas pausas, "mas não passavam disso mesmo, porque nunca" conseguiu desistir.
"A urgência de desistir era grande, mas a necessidade da música era maior, portanto acabei sempre por continuar. No fundo por necessidade, por paixão, por amor à arte", explicou.
"Peito", que fica hoje disponível nas plataformas digitais e estará à venda através da página de Mimicat no Instagram e nos concertos, é apresentado ao vivo no dia 01 de outubro no Teatro Maria Matos, em Lisboa.
"Vai ser um concerto muito intenso e vai ser muito emocional para mim, conheço-me bem e sei que vou chorar várias vezes. Até porque o disco é para mim um disco muito emocional. E acho que é isso que as pessoas podem esperar. Essa verdade que está no disco é a verdade que as pessoas vão ter no concerto", disse.
O espetáculo irá contar com a participação de todos os convidados do álbum - Matay, Tatanka, Diana Castro, Joana Alegre, Elisa Rodrigues e Luísa Sobral -- aos quais se irá juntar também um outro cantor, Filipe Gonçalves.
*** Joana Ramos Simões, da agência Lusa ***
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