A Polícia moçambicana lançou hoje gás lacrimogéneo contra o local onde o candidato presidencial Venâncio Mondlane fazia declarações aos jornalistas, a apelar à calma no âmbito da marcha que convocou, obrigando o político a fugir.

O candidato falava com os jornalistas junto à rotunda da Organização das Mulheres Moçambicanas, no início da Avenida Joaquim Chissano, no centro de Maputo.

Os manifestantes que se encontravam no local estavam a tentar fazer um cordão humano, mas a polícia voltou a lançar gás lacrimogéneo.

Um jornalista foi ferido nesta ação depois de outro ter também ficado ferido na carga policial que ocorreu ao início da manhã.

Cerca das 10h locais (09h em Lisboa), a polícia dispersou a manifestação no centro de Maputo convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane repudiando o homicídio de dois apoiantes, carregando sobre dezenas de pessoas que se concentraram no local, que responderam com o arremesso de pedras e com o lançamento de artefactos pirotécnicos.

Os confrontos entre a polícia e os manifestantes começaram cerca das 07h30, com a força policial a dispersar os grupos que se começavam a juntar para participarem nas marchas pacíficas.

A polícia está também a recorrer a elementos com cães e um helicóptero estava a sobrevoar a baixa altitude na zona da saída da marcha, o local do duplo homicídio de sexta-feira.

Os manifestantes gritavam palavras de ordem como "Salvem Moçambique" e "Este país é nosso".

As marchas pacíficas foram convocadas por Venâncio Mondlane, no sábado, no local em que dois apoiantes foram assassinados, referindo que a greve, no setor público e privado, que tinha pedido para hoje, em contestação aos resultados preliminares das eleições de 9 de outubro, era para manter, passando agora para a rua, e responsabilizou as Forças de Defesa e Segurança (FDS) pelo duplo homicídio.

A polícia moçambicana confirmou no sábado, à Lusa, que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que apoia Mondlane, mortos a tiro, foi "emboscada".

O crime aconteceu na avenida Joaquim Chissano, centro da capital, e segundo a polícia uma mulher que seguia nos bancos traseiros da viatura foi igualmente atingida a tiro, tendo sido transportada para o hospital.

A polícia moçambicana avisou, antes do duplo homicídio que levou à convocação da marcha, além da paralisação, que vai travar qualquer ato de violência e desordem pública que ocorra hoje.

As eleições gerais de 9 de outubro incluíram as sétimas presidenciais - às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite de dois mandatos - em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais.

A CNE tem 15 dias para anunciar os resultados oficiais, data que se cumpre em 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, após concluir a análise, também, de eventuais recursos, mas sem prazo definido para esse efeito.

Artigo atualizado às 11h16