Os dois protestos convocados para a tarde deste sábado, um pelo movimento Vida Justa e outro pelo Chega, já se iniciaram, com os manifestantes a concentrarem-se no primeiro caso junto à rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, e junto à Câmara Municipal de Lisboa no caso da ação marcada pelo partido de André Ventura.

Chegou a haver a possibilidade de os dois protestos se cruzarem no final, junto ao Parlamento, mas o movimento Vida Justa optou por alterar o destino da sua manifestação, em direção aos Restauradores.

A polícia preparou um dispositivo de segurança reforçado para evitar confrontos e fez apelos à tranquilidade.

O movimento Vida Justa entende que “é preciso fazer justiça e condenar a morte de Odair Moniz pela polícia”. Porque “há demasiados mortos nas comunidades” e “é preciso acabar com a violência e a impunidade policial nos bairros” e que as “pessoas deixem de ser tratadas como não-cidadãos que podem ser agredidos e mortos”.

Muitas centenas de pessoas estão neste momento no protesto, que já desce a Avenida da Liberdade. A organização estima que sejam cerca de três mil. Grita-se “Futuro presente, Odair Sempre”, há cartazes com a cara do morador do bairro do Zambujal e muitas bandeiras de Cabo Verde, país onde o cozinheiro nasceu há 43 anos. A polícia tem um dispositivo discreto.

Estão na manifestação muitos jovens e figuras políticas como Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, Daniel Oliveira e o antigo ministro do ambiente João Pedro Matos Fernandes.

À chegada aos Restauradores, o grito de protesto concentra-se na discriminação racial, com os manifestantes a bradar que “violência policial é herança colonial”.

Já no desfile convocado pelo Chega, para a mesma hora, apela-se ao respeito pelo trabalho da polícia, que é “muitas vezes agredida e mal tratada”.

Em declarações aos jornalistas, André Ventura, líder do Chega, um dos visados no inquérito aberto pela PGR pelas declarações proferidas em torno da morte de Odair Moniz, diz que “quem tem de ir para a cadeia é quem anda a matar, quem anda a roubar, quem anda a destruir e não quem quer defender a polícia".

“Vi e acompanhei as queixas que forma feitas contra mim. O que eu espero que o nosso país consiga fazer é que depois de termos um país incendiado, com pessoas atacadas e autocarros, o que eu espero é que os acusados, os únicos, não sejam quem defendeu a polícia. Espero que aquele que puseram as pessoas em risco, o que eu espero é que esses sejam acusados. Não seja o mensageiro o preso”, reforçou.