Um ataque do exército israelita atingiu cerca de 800 alvos do grupo Hezbollah no Líbano, o que provocou, pelo menos, 356 mortos, incluindo 24 crianças, segundo o último balanço das autoridades libanesas. Este foi um dos maiores ataques desde o início dos confrontos transfronteiriços em outubro passado.

Israel realizou vários “ataques aéreos preventivos e em grande escala contra alvos terroristas do Hezbollah” no sul do Líbano, na região de Bekaa, no leste, e em Beirute. A agência nacional de informação libanesa indicou que os ataques ocorreram nos cumes da cordilheira Antilíbano, que tem vista para Bekaa e várias aldeias desta região, onde o Hezbollah está fortemente estabelecido.

Embora o número total de deslocados ainda seja desconhecido, o Governo libanês ativou um plano de emergência nacional para ajudar o "número considerável" de pessoas deslocadas. Também encerrou escolas públicas e privadas durante segunda e terça-feira em áreas alvo de ataques israelitas, no sul e leste do país. O Ministério da Saúde libanês também pediu aos hospitais no sul e no leste do Líbano que suspendam todas as operações não urgentes, a fim de acomodar os feridos pelos intensos ataques israelitas.

Uma fonte próxima do Hezbollah citada pela agência de notícias francesa AFP indicou que um 'raid' israelita na periferia sul de Beirute tinha visado um dirigente do movimento pró-iraniano. De acordo com fontes de segurança citadas pela imprensa hebraica, o alvo do ataque de hoje terá sido Ali Karaki, membro do Conselho da Jihad, um comandante do Hezbollah e alegado responsável pela atividade militar do grupo no sul do Líbano. Entretanto, o grupo garantiu que o dirigente estava a salvo e num local seguro, avança o jornal “The Guardian”.

Netanyahu diz estar a inverter o “equilíbrio de poder no norte”

"Estamos a enfrentar dias complexos. Prometi que mudaríamos o equilíbrio de poder no norte e é exatamente isso que estamos a fazer", disse o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu numa mensagem gravada após reunião com o ministro da Defesa, Yoav Gallant, no quartel-general militar em Telavive, também com o chefe do Estado-Maior do Exército, Herzl Halevi.

"Quero esclarecer a política de Israel: não esperamos por uma ameaça, nós antecipamo-la. Em todos os lugares, em todos os cenários, a qualquer momento. Eliminamos altos funcionários, eliminamos terroristas, eliminamos mísseis", acrescentou o chefe do governo israelita.

Mais tarde, numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter), Netanyahu recomendou aos cidadãos libaneses que se afastem das “zonas perigosas”. “Assim que a nossa operação estiver concluída, poderão regressar a casa em segurança”, declarou.

O primeiro-ministro israelita afirmou que os libaneses são usados como “escudos humanos” do grupo xiita. “Não deixem que o Hezbollah coloque em perigo a vossa vida e a vida dos vossos entes queridos”, pediu ainda.

Israel declara "situação especial" para todo o país

Após a resposta do Hezbollah, que lançou mais de 160 'rockets' em direção a território israelita, o Governo de Netanyahu aprovou uma declaração de "situação especial na frente interna" para todo o país.

A declaração de "situação especial" aplica-se a contextos de emergência para dar às autoridades maior jurisdição sobre a população civil, incluindo proibição de reuniões. A medida é válida durante 48 horas, podendo ser prorrogada, e surge depois do anúncio do Exército israelita de ataques que atingiram cerca de 800 alvos do Hezbollah no Líbano.

OUTRAS NOTÍCIAS QUE MARCARAM O DIA:

⇒ O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, pediu aos civis israelitas "compostura, disciplina e total obediência" às ordens do exército. "A diferença entre o sucesso e o fracasso dependerá da entrada dos civis nos abrigos e noutras áreas de acordo com as instruções que recebam", referiu o ministro israelita. Além disso, as autoridades israelitas enviaram mensagens aos cidadãos libaneses pedindo-lhes que se mantivessem afastados de todos os edifícios utilizados pelo Hezbollah.

⇒ O ministro dos Negócios Estrangeiros português reiterou o apelo aos portugueses para que evitem viajar para países do Médio Oriente como Líbano, Israel e territórios palestinianos ocupados, perante a "situação extremamente grave" na região. “Eu penso que a escalada agora está num ponto ainda mais grave do que esteve há meses atrás e, portanto, é de reforçar o apelo”, declarou Paulo Rangel aos jornalistas, num hotel de Nova Iorque.

⇒ Os Estados Unidos da América reiteraram o seu apoio a Israel e ao direito israelita de defender-se dos ataques do Hezbollah, embora o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, tenha destacado a importância de "encontrar um caminho para uma solução diplomática". Ao mesmo tempo, o secretário de imprensa do Pentágono, Pat Ryder, anunciou que os EUA vão enviar tropas adicionais para o Médio Oriente, embora não tenha especificado a quantidade do reforço, numa altura em que o Exército norte-americano tem cerca de 40.000 militares na região.

⇒ O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, insistiu que está a "trabalhar para a desescalada" do conflito no Líbano, onde o exército israelita está a intensificar os ataques. Ao receber o Presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed ben Zayed al-Nahyan, na Casa Branca, Biden mostrou-se empenhado em conseguir travar o agravamento da situação no Médio Oriente.

⇒ O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, acusou Israel de ter um "plano de destruição" do Líbano. "A persistente agressão israelita contra o Líbano é uma guerra de extermínio em todos os aspetos, um plano de destruição que visa exterminar aldeias e cidades libanesas", afirmou o chefe de Governo do Líbano, apelando "à ONU e à sua Assembleia Geral, assim como aos países influentes (...), para dissuadirem a agressão" israelita.

⇒ A Força Interina das Nações Unidas no Líbano manifestou preocupação com a segurança dos civis no sul do país e pediu uma rápida solução diplomática. Num comunicado divulgado, é informado que o chefe da missão, Aroldo Lázaro, tem estado em contacto com as autoridades israelitas e libanesas para encontrar soluções para uma desescalada das tensões na região.

⇒ O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Nasser Kanani, "condenou veementemente os vastos ataques aéreos" efetuados por Israel no sul do Líbano e "alertou para as perigosas consequências da nova aventura dos sionistas", segundo um comunicado oficial.