George Clooney juntou-se ao coro de vozes que pedem a desistência de Joe Biden da corrida à Casa Branca. Mas este apelo reveste-se de grande relevância, já que o ator de Hollywood é um dos mais importantes angariadores de fundos do Partido Democrata. Clooney argumenta que o Presidente norte-americano venceu muitas batalhas na sua carreira, “mas a única batalha que não pode vencer é a luta contra o tempo”, detalha a “BBC”.

As declarações do ator surgem apenas algumas horas depois de a antiga presidente da Câmara de Representantes Nancy Pelosi ter manifestado inquietação relativamente à candidatura de Biden, e de ter afirmado que o tempo estava a “esgotar-se” para Biden decidir se se mantinha na corrida contra Donald Trump.

Antes de uma angariação de fundos no mês passado, Clooney queixou-se à Casa Branca depois de Biden ter criticado a decisão do Tribunal Penal Internacional de solicitar um mandado de captura contra altos funcionários israelitas, por causa da guerra em Gaza. A sua mulher, Amal Clooney, advogada e perita em direitos humanos, ajudou a conduzir a investigação do tribunal.

Mas Clooney passou de co-organizar em Hollywood uma grande angariação de fundos (de 28 milhões de dólares) para Joe Biden para escrever um ensaio, a convite do jornal “The New York Times”, com o título: “Adoro Joe Biden. Mas precisamos de um novo candidato.”

“É devastador dizer isto, mas o Joe Biden com quem estive há três semanas na angariação de fundos não era o Joe ‘grande’ Biden de 2010. Nem sequer era o Joe Biden de 2020. Era o mesmo homem que todos nós testemunhámos no debate.” E o ator prossegue na sua argumentação, lembrando o desempenho do líder norte-americano no frente a frente com Donald Trump: "Os nossos líderes partidários têm de parar de nos dizer que 51 milhões de pessoas não viram o que nós acabámos de ver. Isto é uma questão de idade. Não vamos ganhar em novembro com este Presidente".

No programa “Morning Joe”, da “MSNBC”, quando questionada sobre se apoiava a reeleição do Presidente Biden, Pelosi também disse: “Quero que ele faça tudo o que decidir fazer. Cabe ao Presidente decidir se se candidata. Todos nós o encorajamos a tomar essa decisão, porque o tempo está a esgotar-se." A resposta captou a atenção dos norte-americanos, porque ignora as repetidas declarações de Biden em sentido oposto. Ou seja, o Presidente norte-americano continua a dizer-se empenhado em permanecer na corrida.

Mas Biden tem enfrentado resistência mesmo dentro do seu partido, desde a sua prestação no debate de 27 de junho contra Trump. Desde então, cerca de uma dezena de democratas eleitos sugeriram que o seu representante deveria abandonar a campanha eleitoral. Na terça-feira, Michael Bennet, do Colorado, tornou-se o primeiro democrata do Senado a manifestá-lo publicamente. Embora não tenha pedido a demissão imediata de Biden, disse que Trump ganharia as eleições, por uma “margem esmagadora”.

A congressista de North Jersey Mikie Sherril apelou, em comunicado: “Estou a pedir-lhe que declare que não se recandidata."