No total, as explosões de hoje de 'walkie-talkies' e noutro tipo de dispositivos, incluindo painéis solares, somadas às detonações de milhares de 'pagers', ocorridas na terça-feira, já causaram 26 mortos e mais de 3.200 feridos.

Ao início da tarde de hoje, um grande número de explosões com origem em dispositivos eletrónicos no sul do país, no leste do Vale do Bekaa e nos subúrbios de Beirute controlados pelo grupo xiita libanês Hezbollah foram registados pelo segundo dia consecutivo.

A Cruz Vermelha Libanesa mobilizou mais uma vez dezenas das suas ambulâncias, diversas organizações lançaram apelos à doação de sangue em massa e o Exército alertou para se evitar aglomerações nos pontos atingidos para permitir a passagem de equipas médicas.

Por sua vez, a Defesa Civil Libanesa informou em comunicado que as suas equipas participaram na extinção de incêndios que deflagraram em dezenas de edifícios e veículos devido às detonações de "dispositivos sem fios e leitores de impressões digitais".

Só na província de Nabatieh, no sul do Líbano, foram registados incêndios em 60 casas e estabelecimentos, além de 15 carros e dezenas de motas.

Nos subúrbios da capital, uma testemunha que pediu o anonimato disse à agência EFE ter assistido a uma detonação de baixa intensidade ocorrida no interior de um veículo, de onde viu sair dois passageiros "completamente cobertos de "sangue".

Os acontecimentos de hoje surpreenderam o país, ainda a gerir o impacto das explosões ocorridas com milhares de 'pagers' no dia anterior, num aparente ataque contra o Hezbollah, e depois de o ministro da Saúde, Firas Abiad, ter visitado hospitais da capital onde se encontra parte das 1.800 pessoas que ficaram internadas.

De acordo com as autoridades libanesas, cerca de dois terços dos feridos na primeira vaga necessitaram de hospitalização, dos quais pouco menos de 300 estão em estado crítico, enquanto perto de 460 foram submetidos a cirurgias, principalmente nas mãos.

Entre as primeiras vítimas estão também civis, incluindo duas crianças que perderam a vida.

Durante a sua visita às unidades hospitalares, o ministro constatou que a maior parte das lesões ocorreu na face, nomeadamente queimaduras que exigiram reanimação cardiopulmonar dos doentes, e também nas mãos, com vários casos de amputações devido às explosões.

Os incidentes sem precedentes das últimas 24 horas suscitaram o receio da eclosão de uma guerra aberta no Líbano, associados às declarações de altos responsáveis militares israelitas a anunciar a deslocação do seu foco da guerra na Faixa de Gaza para a região fronteiriça israelo-libanesa.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reafirmou hoje que Israel devolverá "os residentes do norte às suas casas", nas suas primeiras declarações após as vagas de explosões de dispositivos eletrónicos no Líbano.

"Já disse que devolveremos os residentes do norte [de Israel] em segurança às suas casas e é exatamente isso que faremos", declarou Netanyahu numa breve mensagem de vídeo, referindo-se a milhares de habitantes que fugiram dos confrontos fronteiriços entre as forças israelitas e o Hezbollah, apoiado pelo Irão.

Esta região tem sido palco de tiros cruzados de Israel e do Hezbollah desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 07 de outubro, entre as forças israelitas e o grupo islamita palestiniano Hamas, aliado do movimento xiita libanês.

O Governo libanês e o Hezbollah acusaram Israel na terça-feira de estar por detrás das detonações, mas Telavive apenas comentou que acompanha a situação no país vizinho e não assumiu responsabilidade pelas explosões.

O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se de urgência na sexta-feira para debater a série de explosões de 'pagers' e outros dispositivos no Líbano, anunciou hoje presidência eslovena do organismo.

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