Desde que foi confirmada a sua vitória nas eleições presidenciais dos Estados Unidos da América, Donald Trump tem vindo a anunciar os nomes que farão parte da sua futura equipa governamental.

Estas indicações, que terão de ser aprovadas pelo Senado, controlado pelos republicanos, estão a dar que falar. Ao contrário do que fez em 2017, o Presidente eleito está agora a dar prioridade aos leais para ocupar os cargos de topo.

Quem são os nomeados por Trump? Veja aqui a lista:

Secretário de Estado: Marco Rubio

Trump nomeou o senador da Florida, Marco Rubio, como secretário de Estado, fazendo do crítico que se tornou aliado a sua escolha para diplomata de topo.

Matt Rourke/AP

Conhecido por ser um defensor de uma linha muito dura contra a China e o Irão, este responsável eleito de 53 anos já copresidiu ao Comité de Inteligência no Senado. Opostos durante as primárias republicanas de 2016, Donald Trump e Marco Rubio trocaram acusações e insultos, mas parecem ter pacificado a sua relação.

Há mais de uma década Rubio ajudou a elaborar legislação sobre imigração, que incluía um caminho para a cidadania de pessoas que se encontravam ilegalmente nos EUA. Agora, apoia o plano de Trump de utilizar as forças armadas do país para efetuar deportações em massa.

Chefes do Departamento de Eficiência Governamental: Elon Musk e Vivek Ramaswamy

O bilionário Elon Musk vai liderar um novo Departamento de Eficiência Governamental, que visa cortar dois biliões de dólares (cerca de 1,8 biliões de euros) do orçamento do Governo federal, atualmente de seis biliões de euros.

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Este homem de 53 anos, o mais rico do mundo, prometeu uma transição "justa e humana" aos futuros trabalhadores federais que serão vítimas destes cortes draconianos.

Musk trabalhará ao lado de outro empresário aliado de Trump, Vivek Ramaswamy, neste novo departamento. Estes dois aliados vão "enviar ondas de choque pelo sistema", avisou Trump.

Procurador-geral: Matt Gaetz

O futuro Presidente dos Estados Unidos designou o congressista Matt Gaetz, de 42 anos, para procurador-geral, colocando no cargo uma figura leal que terá de lidar com os múltiplos casos que o líder republicano enfrenta na justiça.

Mike Blake/Reuters

Gaetz demitiu-se do Congresso na passada semana. O Comité de Ética da Câmara tem estado a investigar uma alegação de que Gaetz pagou para ter sexo com um jovem de 17 anos, embora essa investigação tenha efetivamente terminado quando se demitiu. Gaetz negou qualquer irregularidade.

Trump indicou ainda Todd Blanche, advogado que liderou a defesa do Presidente eleito no julgamento pelo pagamento irregular a uma atriz pornográfica, como o número dois no Departamento de Justiça, ou seja, procurador-geral adjunto.

Diretora dos Serviços Secretos Nacionais: Tulsi Gabbard

A ex-deputada do Havai Tulsi Gabbard foi escolhida por Trump para ser diretora dos serviços secretos nacionais, outro exemplo de como Trump privilegia a lealdade em detrimento da experiência.

Alex Brandon

Gabbard, 43, foi um dos membros democratas da Câmara que procurou, sem sucesso, a indicação presidencial do partido para 2020. Dois anos depois, deixou o Partido Democrata. A futura diretora, que endossou Trump em agosto, fez campanha com o Presidente eleito, tendo sido acusada de difundir propaganda russa.

Secretário da Defesa: Pete Hegseth

Pete Hegseth, 44 anos, antigo comandante do Exército e atual apresentador da Fox News, o canal de televisão favorito dos conservadores nos Estados Unidos, será o novo secretário da Defesa. "Com Pete no comando, os inimigos da América estão alerta", disse Trump.

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Se for confirmado pelo Senado, Hegseth vai herdar um dos cargos mais importantes durante uma série de crises globais - com a guerra da Rússia na Ucrânia, o conflito em curso no Médio Oriente e a escalada de preocupações com a crescente aliança entre a Rússia e a Coreia do Norte.

Hegseth está ainda envolvido numa polémica. De acordo com o The Washington Post, o candidato de Trump pagou a uma mulher para manter silêncio sobre um caso em que o acusava de agressão sexual.

Secretária de Segurança Interna: Kristi Noem

Fiel entre os fiéis, Kristi Noem será a líder da Segurança Interna, uma posição no centro das políticas de imigração de Donald Trump. Depois de ter sido apontada para a vice-presidência, a ambição da governadora do Dakota do Sul, de 52 anos, foi atenuada quando revelou este ano que tinha morto o seu cão porque era, segundo ela, "indomável", provocando um dilúvio de críticas.

Mike Segar

Durante a pandemia de covid-19, Noem não impôs as restrições impostas por outros Estados e, em vez disso, declarou a Dakota do Sul como "aberta à atividade". Em julho de 2020, Trump realizou um comício com fogo-de-artifício no Monte Rushmore, naquela que foi uma das primeiras grandes concentrações da pandemia.

Diretor da CIA: John Ratcliffe

O antigo diretor nacional de inteligência de Donald Trump, o ultraconservador John Ratcliffe, vai dirigir a Agência Central de Inteligência, a CIA.

Patrick Semansky

Secretário da Saúde e dos Serviços Humanos: Robert F. Kennedy Jr.

O herdeiro do clã democrata Kennedy chegara a candidatar-se, como independente, nestas eleições presidenciais, mas acabou por desistir, em troca de um cargo na administração Trump. É sobrinho do presidente John F. Kennedy e filho do antigo procurador-geral Robert F. Kennedy.

Morry Gash/AP Photo

A escolha de Kennedy Jr. para ocupar a pasta da Saúde ganha contornos ainda mais controversos por ter participado no movimento de desinformação quanto às vacinas. Assumiu-se contra a vacinação durante a pandemia de covid-19 e até chegou a afirmar falsamente que as vacinas estavam ligadas ao desenvolvimento de autismo.

Robert F. Kennedy Jr. não tem também a imagem pública limpa no que toca à vida privada. Entre os vários escândalos que o têm acompanhado está uma acusação de agressão sexual a uma antiga baby-sitter da família.

Secretário dos Transportes: Sean Duffy

Donald Trump escolheu um antigo congressista eleito pelo Estado do Wisconsin, Sean Duffy, para secretário dos Transportes. Duffy é um antigo animador de programas televisivos e um dos mais visíveis defensores de Trump nos canais de notícia por cabo.

George Walker IV

Duffy esteve na Câmara dos Representantes durante cerca de nove anos, onde integrou a comissão dos Serviços Financeiros e presidiu à subcomissão de Seguros e Habitação. Saiu do Congresso em 2019 e tem sido um dos apresentadores de um programa na Fox Business. No seu anúncio, Trump destacou que Duffy está casado com uma apresentadora da Fox News, classificando-o como "o marido de uma mulher maravilhosa, Rachel Campos-Duffy, uma ESTRELA da Fox News".

Secretário dos Assuntos dos Veteranos: Doug Collins

Collins é um antigo congressista republicano da Geórgia que ganhou reconhecimento por defender Trump durante o seu primeiro julgamento de destituição. Também serviu nas forças armadas e é atualmente capelão do Comando da Reserva da Força Aérea dos Estados Unidos.

John Bazemore

"Devemos cuidar dos nossos bravos homens e mulheres de uniforme e Doug será um grande defensor de nossos membros do serviço ativo, veteranos e famílias militares para garantir que eles tenham o apoio de que precisam", disse Trump num comunicado.

Secretário do Interior: Doug Burgum

A nomeação do governador do Dakota do Norte, Doug Burgum, para liderar o Departamento de Interior dos EUA, está em linha com as promessas eleitorais do Presidente eleito sobre a expansão de exploração de petróleo. Doug Burgum, de 68 anos, é conhecido pelo forte apoio à exploração de petróleo e gás.

Paul Sancya

Como governador, Burgum demonstrou um equilíbrio entre o apoio à indústria de energia e o incentivo a medidas voltadas para a sustentabilidade, como a meta de alcançar a neutralidade de carbono no Dakota do Norte até 2030. Contudo, Burgum raramente usa a expressão "alterações climáticas" nos seus discursos, um reflexo das complexas dinâmicas políticas de uma região que governa e que está muito dependente economicamente de combustíveis fósseis.

Secretário da Energia: Chris Wright

Trump escolheu Chris Wright para secretário da Energia. Presidente executivo da Liberty Energy e defensor do controverso 'fracking' (técnica de fraturação hidráulica usada para obter gás e petróleo), Wright rejeita a existência das alterações climáticas e disse que não há qualquer "transição energética também".

Andy Cross/The Denver Post via AP

O New York Times lembra que Wright não tem qualquer tipo de experiência governamental e que chamou a atenção de Trump enquanto comentador do canal de televisão Fox News, sendo também presença frequente no mundo dos 'podcasts'. O futuro secretário da Energia estará alinhado com o escolhido para o Departamento do Interior, Doug Burgum, com quem trabalhou durante anos e que é conhecido pelo forte apoio à exploração de petróleo e gás.

Administrador da Agência de Proteção Ambiental: Lee Zeldin

Lee Zeldin, um dos amigos mais próximos de Trump e antigo representante do Estado de Nova Iorque, vai dirigir a Agência de Proteção Ambiental, com a missão de reduzir as regulamentações climáticas e de poluição.

Matt Rourke

Chefe de Gabinete: Susie Wiles

Susie Wiles, a arquiteta da campanha vitoriosa de Trump, foi nomeada a sua chefe de gabinete no regresso à Casa Branca. Wiles é amplamente creditada dentro e fora do círculo íntimo de Trump por ter dirigido aquela que foi, de longe, a sua campanha mais disciplinada e bem executada.

Alex Brandon / AP

Susie Wiles evitou em grande parte os holofotes, recusando-se até a pegar no microfone para falar enquanto Trump celebrava a sua vitória ."A Susie é dura, inteligente, inovadora e é universalmente admirada e respeitada. A Susie continuará a trabalhar incansavelmente para tornar a América grande novamente", frisou Trump, no comunicado. Wiles é uma estratega republicana de longa data, sediada na Florida, que dirigiu a campanha de Trump no estado em 2016 e 2020.

Conselheiro de Segurança Nacional: Mike Waltz

Mike Waltz, um oficial eleito da Flórida de 50 anos e antigo oficial das forças especiais, será o conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, um cargo eminentemente estratégico.

Ted Shaffrey

Com Marco Rubio, Waltz será o principal arquiteto da política externa do Presidente republicano, que prometeu acabar com as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente. Muito crítico da China, que descreveu como uma "ameaça existencial" para os Estados Unidos, Waltz é crítico da Rússia, ao mesmo tempo que acredita que Washington deve renegociar o esforço de guerra da Ucrânia.

Czar da Fronteira: Tom Homan

Tom Homan, um veterano oficial de imigração, será o "czar da fronteira" da América, encarregado de aplicar a promessa de Donald Trump de realizar a maior deportação de imigrantes ilegais na história dos Estados Unidos.

Jonathan Ernst

Diretor-adjunto de Política Interna: Stephen Miller

O Presidente eleito indicou o conselheiro de longa data Stephen Miller, figura da linha dura sobre imigração, para ser o diretor-adjunto de política interna no seu futuro Governo.

Matt Rourke

Miller foi conselheiro sénior no primeiro mandato de Trump e tem sido uma figura central em muitas das suas decisões políticas, nomeadamente na sua decisão de separar milhares de famílias de imigrantes como estratégia de um programa de dissuasão de imigração ilegal, em 2018.

Vice-chefe de Gabinete: Dan Scavino

Scavino foi conselheiro das três campanhas do Presidente eleito, e a equipa de transição referiu-se a ele como um dos "assessores mais antigos e de maior confiança de Trump". Será vice-chefe de gabinete e assistente do Presidente.

Evan Vucci

Foi detido por desacatos no Congresso em 2022, após se recusar a cumprir uma mandado da investigação sobre o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos EUA.

Vice-chefe de Gabinete: James Blair

Blair foi diretor político da campanha de Trump em 2024 e do Comité Nacional Republicano. Será vice-chefe de gabinete para assuntos legislativos, políticos e públicos e assistente do Presidente. Blair foi fundamental para a mensagem económica de Trump durante a campanha vencedora de regresso à Casa Branca este ano.

Vice-chefe de Gabinete: Taylor Budowich

Budowich é um assessor veterano de campanha de Trump que lançou e dirigiu "Make America Great Again, Inc.", um super PAC (Comité de Ação Política) que apoiou a campanha do magnata para 2024. Será vice-chefe de gabinete de comunicações e pessoal e assistente do Presidente. Budowich também serviu como porta-voz de Trump após a sua primeira presidência.

Diretor de Comunicação da Casa Branca: Steven Cheung

O Presidente eleito nomeou Steven Cheung como conselheiro presidencial e diretor de comunicação da Casa Branca. No anterior Governo do republicano (2017-2021), Cheung trabalhou como diretor de resposta estratégica.

Seth Wenig

Secretária de Imprensa da Casa Branca: Karoline Leavitt

O Presidente eleito nomeou como porta-voz da Casa Branca Karoline Leavitt, que desempenhou essa função na campanha de Donald Trump e também integrou a equipa de comunicação no primeiro mandato (2017-2021) do republicano.

Doug Mills

Quando Trump assumir o cargo, a 20 de janeiro de 2025, Leavitt vai ser, aos 27 anos, a porta-voz mais jovem da Casa Branca. Este é um dos cargos mais importantes da Casa Branca por se tornar o rosto da administração no contacto com os jornalistas.

Conselheiro da Casa Branca: William McGinley

McGinley foi secretário de gabinete da Casa Branca durante a primeira administração de Trump e consultor jurídico do Comité Nacional Republicano durante a campanha de 2024. Numa declaração, Trump considerou McGinley como "um advogado inteligente e tenaz".

Embaixador no Médio Oriente: Steven Witkoff

O investidor do imobiliário, de 67 anos, é companheiro de golfe do Presidente eleito e estava a jogar com ele no clube de Trump, em West Palm Beach, Flórida, a 15 de setembro, quando o ex-presidente foi alvo de uma segunda tentativa de assassinato. Witkoff "é um líder altamente respeitado nos negócios e na filantropia", disse Trump.

Embaixador em Israel: Mike Huckabee

O ex-governador do Arkansas e pastor batista Mike Huckabee, de 69 anos, será o embaixador dos Estados Unidos em Israel, que já visitou por diversas vezes. Defensor da colonização da Cisjordânia, Huckabee declarou em 2017, na colónia israelita de Maale Adumim, que "a Cisjordânia ocupada não existe".

Julia Demaree Nikhinson

Embaixador na ONU: Elise Stefanik

A deputada nova-iorquina Elise Stefanik, de 40 anos, será a nova embaixadora dos Estados Unidos junto da ONU, instituição que acusou, em meados de outubro, de "definhar no antissemitismo".

Alex Brandon

Eleita para o Congresso em 2014, com apenas 30 anos, estabeleceu-se gradualmente entre os mais fervorosos apoiantes de Donald Trump. Stefanik recusou certificar o resultado das eleições presidenciais de 2020, vencidas pelo democrata Joe Biden.


- Com Lusa