O novo secretário-geral da NATO, Mark Rutte, aumentou a pressão sobre os países ocidentais que hesitam em aceder a que a Ucrânia utilize armamento avançado para atacar alvos militares nas profundezas do território da Rússia. Durante uma visita não anunciada a Kiev, apenas 48 horas depois de ter assumido a liderança da NATO, Rutte afirmou, em conferência de imprensa, ao lado do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que “a Ucrânia tem obviamente o direito de se defender, e o direito internacional aqui está do lado da Ucrânia”.

O direito da Ucrânia à autodefesa, segundo Rutte, “não termina na fronteira, e a Rússia prossegue uma guerra ilegal”, significando isso que "atacar caças e mísseis russos antes que possam ser usados ​​contra a infraestrutura civil da Ucrânia pode ajudar a salvar vidas".

Os EUA, a Alemanha e alguns países europeus temem que isto possa levar a uma escalada diretamente com o Presidente russo, Vladimir Putin. Moscovo reviu recentemente a sua doutrina sobre a utilização de armas nucleares para ampliar a ameaça.

De acordo com o “Politico”, o apoio de Rutte a Kiev nesta questão surge antes de uma cimeira crucial a 12 de outubro, que será liderada pelo Presidente dos EUA, Joe Biden. Washington tem estado sob pressão para levantar as restrições antes de um inverno que se avizinha difícil para a Ucrânia, com a maioria das infraestruturas energéticas a poderem ser alvo de ataques da Rússia.

"O único país aqui que ultrapassou a linha vermelha não foi a Ucrânia; foi a Rússia, ao iniciar esta guerra", vincou Rutte. Já Zelensky disse que alguns países da NATO “estão a prolongar o processo”, embora não tenha elencado a que Estados se referia. "A melhor maneira de não esquecer a Ucrânia é fornecer armamento, assegurar as respetivas permissões e ajudar a abater os mísseis e drones iranianos, tal como estão a ser abatidos nos céus de Israel", disse Zelensky.

Outras notícias a destacar:

⇒ O Governo português desvalorizou ameaças do Governo russo de que haverá "retaliações" contra Portugal pela entrega de helicópteros 'Kamov' à Ucrânia, acusando o Kremlin de fazer "algum 'bullying'" a países europeus. "Já estamos habituados a que a porta-voz do Kremlin de vez em quando faça algum 'bullying' sobre as posições portuguesas, mas não só, vai distribuindo pelos diferentes países europeus à vez", comentou hoje o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, durante o debate parlamentar sobre a presidência húngara do Conselho da União Europeia e a participação de Portugal no processo de construção europeia.

⇒ O presidente eleito do Conselho Europeu, António Costa, afirmou que tem de se "preparar desde já" o alargamento da União Europeia, porque o bloco comunitário tem de ter as condições para acolher quem convida. "Temos de nos preparar para isso [o alargamento]. Deve ser desde já. Quando chegaremos a acordo, não sei. Mas temos de ter condições para acolher a quem vamos a convidar", afirmou Costa, referindo-se à prevista inclusão da Moldávia e da Ucrânia na UE.

⇒ O Ministério da Defesa russo confirmou a tomada da cidade ucraniana de Vugledar, abrindo caminho para o controlo do sul do Donbass pelo exército de Moscovo. "Como resultado das ações resolutas das unidades do agrupamento militar Vostok (Leste), a cidade de Vugledar foi libertada da República Popular de Donetsk", lê-se num comunicado militar publicado no Telegram.