Em entrevista ao jornal brasileiro Folha de São Paulo, Olaf Scholz, que se encontra na cidade brasileira do Rio de Janeiro para participar da Cimeiro do G20, disse que só é possível "alcançar a paz na Ucrânia com base no direito internacional, e isso exigirá enormes esforços".

"No entanto, a tentativa de alcançar uma paz justa e duradoura para a Ucrânia continua sendo o princípio que orienta nossa ação conjunta. Certamente não aceitaremos uma paz ditada pela Rússia", acrescentou.

Para além disso, o Presidente russo, Vladimir Putin, "tem de compreender que tentar ganhar tempo não vai resultar", porque a Alemanha não vai desistir do seu apoio ao governo de Volodymir Zelensky.

Estas declarações depois do líder ucraniano ter criticado, no seu tradicional discurso da noite, uma conversa telefónica entre o alemão e Putin na passada sexta-feira.

Para Zelenski, a comunicação abriu "uma caixa de Pandora" que permitirá novas conversações e contactos com a Rússia, o que "enfraquecerá" o seu isolamento.

Scholz, por outro lado, descreveu a conversa com Putin no domingo como "importante", numa aparição perante a imprensa antes de partir para a cimeira do G20 no Rio de Janeiro, uma vez que serviu para transmitir ao russo o apoio inabalável do Ocidente à Ucrânia.

Ainda assim, à Folha de São Paulo, o chanceler alemão frisou que " a Rússia, como membro do G20, não terminar esta guerra contra a Ucrânia que viola o direito internacional e continuar a ferir os princípios da Carta das Nações Unidas, não há fundamento para uma parceria baseada em confiança e cooperação dentro do bloco".

A 'cidade maravilhosa' acolhe hoje o primeiro de dois dias da cimeira do G20, presidida pelo chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, país que este ano assumiu a liderança do grupo das 20 maiores economias do mundo, que agregam cerca de dois terços da população mundial, 85% do Produto Interno Bruto (PIB) e 75% do comércio internacional.

Entre os principais líderes presentes destaca-se o Presidente cessante dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder chinês, Xi Jinping.

O principal ausente será o Presidente russo, Vladimir Putin, representado pelo seu chefe da diplomacia, Sergei Lavrov, já que o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra Putin por crimes de guerra no conflito na Ucrânia.

Para além dos representantes dos países membros plenos do grupo, mais a União Europeia e a União Africana, são esperados representantes de 55 países ou organizações internacionais, entre os quais Portugal - país convidado pelo Brasil -, que será representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, Angola, representado pelo seu Presidente, João Lourenço, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Os membros do G20 - EUA, China, Alemanha, Rússia, Reino Unido, França, Japão, Itália, Índia, Brasil, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Indonésia, México, Turquia e, ainda, a União Europeia e a União Africana - representam as maiores economias, cerca de 85% do Produto Interno Bruto mundial, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.

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