"Estou a falar, antes de mais, não da paz, a paz é o segundo passo, [mas] o primeiro passo é o cessar-fogo e a minha preocupação é que, se pensarmos e falarmos demasiado sobre a solução de paz a longo prazo, podemos reduzir as hipóteses de haver um cessar-fogo" agora, afirmou o chefe de Governo húngaro.
Falando em Budapeste no final de uma cimeira da Comunidade Política Europeia, Viktor Orbán frisou: "Não se esqueçam que ter uma ideia clara sobre o tipo de paz que poderá existir no final do conflito não é uma condição prévia para um cessar-fogo porque o que se passa neste momento é que não há comunicação e a primeira condição prévia de qualquer paz é a comunicação e a condição prévia da comunicação é um cessar-fogo".
"É essa a lógica, pelo que o que eu defendo é um cessar-fogo, que dê espaço e tempo às partes para comunicarem e começarem a negociar a paz, mas deixarem de se matar umas às outras, essa é a minha recomendação", reforçou.
"Vamos falar sobre o que poderia ser a paz, que é aceitável, durável, a longo prazo para todas as partes, que é uma bela questão [mas] é preciso tempo para negociar isso, [pelo que] primeiro [deve haver um] cessar-fogo", adiantou.
Líderes europeus -- incluindo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky -- reuniram-se hoje na capital húngara para a quinta cimeira da Comunidade Política Europeia com o foco nos desafios europeus de defesa, num contexto de mudanças políticas nos Estados Unidos da América (EUA), depois de o republicano Donald Trump ter sido eleito na terça-feira o 47.º Presidente da história norte-americana.
De momento, surgem em Kiev receios quanto ao apoio de Washington com a nova administração que irá assumir funções em janeiro de 2025. Também existem receios de que Donald Trump possa forçar Kiev a negociar com Moscovo em condições muito desfavoráveis.
Nesta conferência de imprensa, Viktor Orbán foi questionado sobre a sua promessa de abrir garrafas de champanhe se o candidato republicano, Donald Trump, ganhasse as eleições nos EUA, tendo afirmado que só cumpriu "parcialmente a promessa".
"Eu estava no Quirguistão quando Donald Trump ganhou as eleições. (...) As tradições são diferentes, pelo que mergulhámos alegremente nas reservas de vodka e partilhámos a nossa alegria por este resultado fantástico", referiu o político ultranacionalista húngaro, um reconhecido aliado do Presidente eleito norte-americano.
Em meados de outubro, Viktor Orbán havia dito que iria "abrir garrafas de champanhe" se Trump vencesse as eleições presidenciais norte-americanas, esperando também um debate dos líderes da União Europeia para uma "reação comum" sobre os Estados Unidos.
Hoje e sexta-feira decorrem em Budapeste, respetivamente, uma cimeira da Comunidade Política Europeia (plataforma para discussões políticas e estratégicas sobre o futuro da Europa criada há dois anos) e um Conselho Europeu informal (reunião dos líderes da UE que decorre na capital húngara devido à presidência rotativa comunitária da Hungria), que coincidiram com a divulgação dos resultados das eleições nos Estados Unidos.
O assunto acaba por dominar as discussões e o facto de Orbán ser um aliado de Trump é um aspeto bem presente.
O lema da presidência semestral húngara do Conselho da UE é, inclusive, "Tornar a Europa grande de novo" ("Make Europe Great Again"), numa alusão ao slogan de Donald Trump criado aquando da campanha para as eleições de 2016 ("Make America Great Again").
ANE // SCA
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