Um pinguim-imperador surpreendeu os habitantes locais quando apareceu numa praia da Austrália, depois de ter feito uma viagem épica de milhares de quilómetros desde a sua casa na Antártida, noticiou a CNN na quarta-feira.

O pinguim chegou à praia de Ocean Beach na cidade australiana de Denmark, na sexta-feira da semana passada, de acordo com uma declaração do Departamento de Biodiversidade e Conservação da Austrália (DBCA) enviada à CNN.

Um porta-voz descreveu o pinguim como “desnutrido”, acrescentando que o animal “permanece sob os cuidados de um cuidador de vida selvagem local, treinado e registado”.

“Espera-se que o processo de reabilitação demore algumas semanas”, disse o porta-voz, que acrescentou que o cuidador de animais selvagens está a ser apoiado por um funcionário da DBCA.

Ocean Beach fica a mais de 3.500 quilómetros a norte da Antártida, o que dá uma ideia da longa distância que o pinguim percorreu para lá chegar.

Belinda Cannell, investigadora da Universidade da Austrália Ocidental, disse à emissora pública australiana ABC News que esta é a primeira vez que um pinguim-imperador é visto tão a norte, referindo que o animal pode ter seguido uma corrente.

“O que eles tendem a fazer é seguir certas correntes onde vão encontrar muitos tipos diferentes de comida”, referiu Cannell à ABC News.

A investigadora acrescentou ainda que "talvez essas correntes tendam a estar um pouco mais a norte, em direção à Austrália, do que normalmente estariam”.

De acordo com o surfista local Aaron Fowler, que viu o pinguim a surgir à superfície do mar, o animal era “muito maior do que uma ave marinha” e “não era tímido”.

“Tentou deslizar de barriga para baixo, pensando que era neve, acho eu, e acabou por se atirar de cara para a areia, levantou-se e sacudiu a areia toda”, contou o surfista à ABC News.

Os pinguins-imperador são os mais altos e mais pesados das 18 espécies de pinguins, podendo pesar até 40 quilos e ter mais de um metro de altura.

Estes animais só se encontram em estado selvagem na Antártida, estando cada vez mais ameaçados pela crise climática.

Os pinguins-imperador dependem do gelo marinho para formar as suas colónias de reprodução, evitar os predadores no oceano e procurar alimento.

Quatro em cada cinco colónias de pinguins-imperador analisadas no Mar de Bellingshausen, a oeste da península Antártica, não viram nenhuma cria sobreviver em 2022, uma vez que a área sofreu uma enorme perda de gelo marinho, de acordo com um estudo publicado em agosto de 2023.

Este “fracasso catastrófico da reprodução” generalizado é o primeiro incidente deste tipo registado, de acordo com o relatório, e apoia as previsões de que mais de 90% das colónias de pinguins-imperador estarão “quase extintas” até 2100, à medida que o mundo aquece.