"A fim de manter a estabilidade e a ordem constitucional no país (...) renuncio ao cargo", escreveu Bzhania, numa carta dirigida ao líder do Parlamento da Abecásia e divulgada pelo gabinete de imprensa da presidência.
A demissão resulta de um acordo alcançado esta madrugada entre o governo e a oposição, que inclui a saída dos manifestantes que tinham ocupado vários edifícios governamentais.
Os manifestantes já abandonaram esta manhã a praça em frente à administração presidencial da Abecásia, avançou a agência de notícias estatal russa Ria Novosti.
O vice-presidente da Abecásia, Badra Gunba, servirá como presidente interino antes das próximas eleições, que serão antecipadas, disse o líder do parlamento local, citado pela agência de notícias estatal russa Tass.
Na segunda-feira, os opositores da Abecásia tinham ocupado um edifício governamental que alberga cinco ministérios, depois de já na sexta-feira terem tomado os principais edifícios governamentais da república separatista.
O edifício ocupado hoje alberga os Ministérios das Finanças, da Economia, da Cultura, da Agricultura e dos Negócios Estrangeiros, cujos funcionários foram impedidos de entrar nos gabinetes.
O ministro da Justiça da Abecásia, Anri Bartsits, acusou os serviços secretos ocidentais de financiarem organizações não-governamentais para "desestabilizar a situação, criar o caos e uma imagem negativa" da república separatista.
Pelo menos oito pessoas ficaram feridas em incidentes na sexta-feira durante as ocupações.
A ação da oposição foi feita em protesto contra uma lei que permite às empresas russas investir no território do Mar Negro.
Os incidentes ocorreram depois de o parlamento ter recusado, como exigido pela oposição, retirar a ratificação do acordo assinado com a Rússia em 30 de outubro da ordem do dia.
Em setembro, foi divulgado que a Rússia suspendeu os subsídios à Abecásia, o que levou a oposição a afirmar que o acordo de investimento com Moscovo era o resultado de pressões.
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, disse na sexta-feira que Moscovo estava a acompanhar "com preocupação os acontecimentos na vizinha e amiga Abecásia".
A Abecásia, uma faixa de território costeiro junto ao Mar Negro no noroeste da Geórgia com cerca de 240 mil habitantes, declarou a independência em 1999, e acolhe um contingente militar russo.
Ao contrário da generalidade da comunidade internacional, Moscovo reconheceu a independência da Abecásia logo após a guerra com a Geórgia pelo controlo da também separatista Ossétia do Sul, um passo apoiado apenas por Nicarágua, Venezuela, Síria e Nauru.
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