O homem suspeito de tentar matar dois imigrantes na madrugada de segunda-feira, no Porto, ficou quinta-feira em prisão preventiva, medida decretada no final do dia em que foi detido pela Polícia Judiciária, adiantou à Lusa fonte judicial.
O suspeito, que está indiciado pelos crimes de homicídio qualificado na forma tentada, de discriminação e incitamento ao ódio e à violência e de roubo, foi na quinta-feira presente a primeiro interrogatório judicial, ficando sujeito à medida de coação mais gravosa.
Em comunicado, enviado na quinta-feira, a PJ explicou que a investigação ocorreu com base em dois momentos distintos, porém de modo sucessivo, na via pública, no Porto.
A primeira situação ocorreu na zona do Campo 24 de Agosto, onde "após abordar aleatoriamente alguns cidadãos estrangeiros, com insultos de índole racista, o arguido, munido de uma arma branca, atacou as vítimas com violência e apoderou-se de alguns dos seus pertences", explicou.
Segundo a PJ, um dos homens acabou por ser ferido com gravidade no tórax, estando internado na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de São João.
Passados 15 minutos, desta vez na zona de São Roque da Lameira, o arguido "abordou outro cidadão estrangeiro, proferindo novamente insultos de índole racista, e atacou-o com uma faca".
"Após estas ações, e por forma a evitar a sua identificação e detenção, o suspeito alterou a sua aparência física e rotina s", sublinhou a PJ.
A PJ assinalou que a localização e detenção do suspeito aconteceu "em menos de 48 horas após os crimes".
Nos últimos meses, a baixa da cidade do Porto tem sido palco de vários distúrbios e crimes de ódio, o que, segundo fonte da PSP ouvida hoje pela Lusa, levou a um "reforço" de vigilância policial nas zonas consideradas mais críticas.
Em maio, um grupo de seis homens armados com paus e facas invadiram a casa onde vivia uma dezena de imigrantes, na zona do Bonfim, e horas depois registavam-se outros dois ataques alegadamente racistas a cidadãos marroquinos no centro da cidade, sendo um dos agressores detido e colocado em prisão preventiva.
A propósito deste episodio, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, considerou, também na quinta-feira, que as forças de extrema-direita e extrema-esquerda contribuem para um ambiente de ódio e violência na cidade.