"O encerramento [das urgências], seja ele esporádico, mas cada vez mais frequente, tem consequências muito importantes e negativas na população e nos profissionais", disse à agência Lusa Carolina Ribeiro, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

A concentração que decorreu esta manhã, junto do Serviço de Urgência Básica (SUB) do Centro de Saúde de Castro Verde, foi promovida pelo SEP e juntou, durante cerca de uma hora, dirigentes sindicais, enfermeiros, políticos e habitantes da vila.

Em causa neste protesto está o possível encerramento do SUB em vários dias deste mês, mas também em dezembro, por falta de médicos.

Na segunda-feira, o presidente da Câmara de Castro Verde, António José Brito (PS), explicou à Lusa que, a elaboração pela Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) das escalas para a SUB está limitada devido "às ausências de médicos".

O autarca tinha até referido que, durante as 24 horas de hoje, as urgências do centro de saúde poderiam estar fechadas, mas a Lusa constatou no local que estão a funcionar.

"No início do mês, estava previsto haver cinco turnos de fecho, inclusive 24 horas de fecho hoje, mas, felizmente, conseguiu-se arranjar médicos, porque este é um problema de falta de médicos", frisou a representante do SEP.

Também presente na concentração, o presidente do município considerou à Lusa que o facto de o serviço estar hoje a funcionar "já é o primeiro resultado" da "reivindicação e pressão" que têm sido feitas pelos autarcas e outros profissionais, como os enfermeiros, "no sentido de inverter essa situação".

Na terça-feira, os autarcas dos concelhos servidos pelo SUB de Castro Verde, todos eleitos pelo PS, reuniram-se com a administração da ULSBA, para analisarem o possível fecho do serviço em vários dias durante estes dois meses.

Após o encontro, os presidentes das câmaras de Castro Verde, Aljustrel, Almodôvar, Mértola e Ourique reclamaram a marcação de uma reunião urgente com a ministra da Saúde e "soluções capazes" do Governo para colmatar este problema.

Questionado hoje pela Lusa, António José Brito disse que não houve ainda qualquer "resposta por parte do Ministério da Saúde" quando ao pedido de reunião e criticou a titular da pasta, Aba Paula Martins.

"Isso aflige-nos um pouco, no sentido em que dá a ideia de que a senhora ministra não está muito preocupada com aquilo que aqui está a acontecer e, como temos vindo a dizer, esta situação agudiza-se para muito pior desde que temos esta ministra da Saúde", afirmou.

"[O que] aconteceu nos últimos oito meses no serviço de urgência de Castro Verde é pior do que o que aconteceu nos últimos oito anos. Não há memória de tantas paragens sucessivas como agora estão programadas e que podem vir a acontecer", argumentou o autarca, garantindo que o município e a população "não vão baixar os braços".

A CDU também já criticou esta situação da SUB e tem agendada, para as 10:30 de sábado, em frente ao centro de saúde, uma concentração de protesto.

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