A PSP garante que, na terça-feira, os agentes desta força de segurança não arrombaram "quaisquer portas" de habitações no bairro do Zambujal, na Amadora, contrariando a versão dos familiares de Odair Moniz, o homem de 43 anos que foi mortalmente baleado na Cova da Moura, na Amadora.

Em comunicado, a Polícia de Segurança Pública esclarece que os agentes da autoridade entraram apenas numa casa, na noite de terça-feira, mas apenas em apoio aos Bombeiros Voluntários da Amadora, "que se deslocaram ao local para apoio médico a uma criança e por solicitação da família".

"A Polícia de Segurança Pública nega categoricamente o arrombamento de quaisquer portas", sublinha.

Quanto às imagens que circulam nas redes sociais de vários elementos da PSP no interior de um prédio, "supostamente no bairro do Zambujal", a PSP nota que, no vídeo, pode constatar-se que os polícias "encontram-se a dialogar com os cidadãos ali presentes, no sentido de serenar e manter a tranquilidade pública".

A Polícia de Segurança Pública garante estar "empenhada em repor a ordem, paz e tranquilidade pública" nas zonas da Área Metropolitana de Lisboa que têm sido palco de desacatos.

"A PSP repudia e não tolerará os atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade, grupos esses que integram uma minoria e que não representam a restante população portuguesa que apenas deseja e quer viver em paz e tranquilidade", pode ainda ler-se na nota.

Polícias terão entrado em habitação e agredido jovem de 19 anos

Este esclarecimento surge depois de, na terça-feira, alegadamente, 15 agentes da PSP terem entrado em casa da família de Odair Moniz, o homem que foi baleado pelas forças de segurança, e agredirem uma jovem de 19 anos, relatou a irmã da viúva, que estava no local com outros familiares.

A porta da casa terá ficado partida, bem como um móvel que estava à entrada.

"Hoje, estávamos aqui todos sentados, e de repente ouvimos um barulho e vieram os polícias a gritar e a dar com [cassetetes] aqui na porta. Agrediram a minha sobrinha de 19 anos e só os conseguimos parar quando eu disse 'já mataram um e querem matar outros'. Se eu não [tivesse dito isto] ,eles entravam aqui dentro e batiam em todas as pessoas", relatou, à SIC, a irmã da viúva de Odair, Sílvia Silva.

Três pessoas já foram detidas

Três pessoas foram detidas na terça-feira, duas das quais por incêndio e agressões a agentes policiais, na sequência dos desacatos após a morte de um homem baleado pela PSP na Cova da Moura, Amadora, disse fonte policial.

Os desacatos têm sucedido desde segunda-feira e espalharam-se na noite de terça-feira a várias zonas de Lisboa, nomeadamente Carnaxide (Oeiras), Casal de Cambra (Sintra) e Damaia (Amadora).

Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Na segunda-feira, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito urgente e a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência.

O agente que baleou o homem foi, entretanto, constituído arguido, indicou fonte da Polícia Judiciária.

Com Lusa