O secretário-geral do PCP avisou este domingo que o PS se prepara para "justificar a viabilização da política em curso", antecipando que o Orçamento não vai resolver os problemas da população e pedindo que "cada um assuma as suas responsabilidades".

No discurso no comício da Festa do Avante!, Paulo Raimundo acusou o Governo PSD/CDS de estar a executar um "rumo desastroso, com os seus sucedâneos do Chega e da Iniciativa Liberal (IL)", que acusou de serem "autênticas lebres de corrida das velhas receitas saudosistas e reacionárias a que Abril pôs termo".

"Se há coisa de que o país não precisa é das receitas à moda do Chile de Pinochet ou da Argentina de Milei", disse.

Depois, o secretário-geral do PCP criticou o PS, salientando que, apesar de se "reclamar da oposição, quando teve a oportunidade - e teve - de inverter este caminho, não só não o fez, como lhe escancarou completamente as portas".

"Um PS que se prepara agora, a partir de serviços mínimos a que chamou linhas vermelhas, para justificar a viabilização da política que está em curso", afirmou.

Paulo Raimundo referiu que "a questão não está nas diferenças que existem de facto" entre esses partidos, mas antes "naquilo que os une", considerando que estão "todos vergados às ordens da União Europeia (UE), submissos aos interesses dos grupos económicos e protagonistas, cúmplices e promotores das privatizações, da destruição do aparelho produtivo e da alienação da soberania nacional".

"Um rumo que o atual Governo prossegue e intensifica e onde os novos e graves passos na privatização da saúde anunciados esta semana são apenas o mais recente exemplo", afirmou.

Para Paulo Raimundo, perante este projeto, "não se pode ficar em cima do muro".

"Ou se está com os que querem aprofundar a política de direita e concluir o processo contrarrevolucionário, ou se está com as forças de Abril e da Constituição da República. Ou se governa para a maioria, ou se está ao serviço de uma minoria que se apropria de grande parte da riqueza que é criada", afirmou.

O líder do PCP defendeu que "é esta a resposta que se impõe dar, e desde já, no Orçamento do Estado", pedindo que não venham "com a chantagem da instabilidade política", porque a "verdadeira instabilidade é a vida das pessoas e a essa os governantes de ontem e de hoje teimam em não dar resposta".

"Uns e outros - PSD, CDS e PS, Chega e IL -, falam do Orçamento como se não existisse um país real. Falam de referendos, linhas vermelhas, ultimatos e afins quando aquilo que se impõe é responder e já" aos problemas da população, disse.

Para Paulo Raimundo, "é a vida real que precisa de estabilidade e não terá mais uma vez resposta no Orçamento do Estado de um Governo apostado na propaganda e na ilusão e que faz de cada problema uma nova oportunidade de negócio para os grupos económicos".

"Cada um que assuma as suas responsabilidades, sem jogos de sombras e sem manobras. Da nossa parte a opção é clara: lá estaremos a alertar e a denunciar os reais objetivos e a quem serve de facto o Orçamento", afirmou.

prometendo apresentar "as medidas necessárias que, no Orçamento e para lá dele, respondam aos problemas, que são muitos e estruturais".
No discurso, Paulo Raimundo fez várias críticas à política do Governo, que acusou de "servir os interesses do grande capital, mas não a maioria", elencando várias camadas da população que considerou estarem a ser prejudicadas, como os trabalhadores, a juventude, os agricultores, os migrantes ou os pequenos e médios empresários.

O líder do PCP aludiu também ao suplemento extraordinário para pensionistas anunciado pelo Governo, considerando que "medidas pontuais", apesar de "importantes para quem as recebe no momento", não podem ser uma "desculpa para que o valor das pensões não aumente como é necessário".

Paulo Raimundo frisou que o país não está destinado a ser de "baixos salários, de pobreza e dependência", referindo que Portugal tem "meios, recursos, força e gente honesta" para "levar por diante uma política patriótica, soberana e livre de constrangimentos e imposições externas, uma política de esquerda com o trabalho e os trabalhadores no centro da sua ação".