Não namorar, não ter sexo com homens, não engravidar, não casar. Rejeitar totalmente a presença masculina na vida afetiva das mulheres. É esta a ideia que está a conquistar cada vez mais apoiantes entre as mulheres, nos Estados Unidos da América, desde a vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas.
Os princípios do chamado movimento “4B”, que defende a vida das mulheres sem os homens, estãoa ganhar espaço em território norte-americano, depois de serem um mantra para muitas mulheres na Ásia há vários anos.
O movimento tem por base a rejeição do sexismo estrutural da sociedade. Apareceu, na Coreia do Sul, há quase uma década, depois de um mediático episódio de um homicídio de uma mulher. O homicida - um homem, que não tinha qualquer relação com a vítima - alegou como motivo para o crime o simples facto de se sentir ignorado pelas mulheres.
O incidente trouxe para a agenda pública o modo como as mulheres eram vistas e tratadas na sociedade sul-coreana (onde, por exemplo, a diferença salarial entre homens e mulheres é a maior de todos os países da OCDE).
É assim que surge o movimento “4B”, cujo nome remete para os quatro princípios sobre os quais assenta: “bihon”, “bichulsan”, “biyeonae” and “bisekseu” – isto é: “não ao casamento”, “não à gravidez”, “não ao namoro” e “não ao sexo com homens”.
Redes sociais espalham ideias pelos EUA
A ideia do boicote aos homens tem-se multiplicado, recentemente, nas redes sociais em terras norte-americanas.
Desde 5 de novembro – dia das eleições norte-americanas, que ditaram que Trump será, novamente, presidente dos Estados Unidos da América - as pesquisas na internet sobre o movimento cresceram exponencialmente.
O tema está a ser assunto de interesse para muitas jovens mulheres norte-americanas em redes sociais como o TikToke o Instagram.
As jovens alegam revolta contra os homens por terem votado em Trump, um candidato que foi acusado de abusos sexuais e cuja influência levou a retrocessos nos direitos reprodutivos das mulheres nos EUA.
"Subservientes a uma nação que não quer saber de nós"
Entre os vídeos divulgados nas redes sociais, ouvem-se críticas ao modo como as mulheres são vistas e tratadas pela sociedade patriarcal.
“Por que vamos continuar a ser subservientes a uma nação que não quer saber de nós?”, questiona uma mulher.
“Não interessa o quão bondosas, respeitadoras ou giras formos, os homens vão odiar-nos", aponta outra.
E às críticas somam-se muitos e muitos apelos ao corte nas relações com o sexo masculino.
“Não deem atenção aos homens. Apaguem-nos, bloqueiem-nos, não lhes respondam”, defende uma internauta. “Não olhem para eles, não se riam das piadas deles”, acrescenta outra.
“Boa sorte em conseguirem arranjar alguém para ir para a cama. Eu e as minhas amigas vamos aderir ao movimento 4B” , atira mais uma jovem.
Pelas redes sociais multiplicam-se ainda os testemunhos de mulheres que já aderiram ao movimento e que garantem sentir-se mais felizes. É o caso de uma norte-americana de 34 anos, que diz ter aderido aos princípios do movimento 4B há dois anos. "Foi a melhor coisa que já fiz", conclui.