A empresa, uma das maiores produtoras de eletricidade da região, refere, em comunicado enviado à Lusa, que estas medidas estão a ser aplicadas desde julho e pretendem garantir "um potencial alcance da produção planeada para o presente ano, compensada pela superação das metas do primeiro semestre".
"As medidas, implementadas com base científica e de acordo com os dados técnicos à disposição, visam salvaguardar a segurança hidráulico-operacional da barragem e infraestruturas conexas, bem como o cumprimento dos compromissos comerciais assumidos e a garantia da disponibilidade de água para a produção nos próximos anos", afirma a empresa.
O Estado moçambicano detém 90% do capital social da HCB, desde a reversão para Moçambique, acordada com Portugal em 2007, enquanto a empresa portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) tem uma quota de 7,5% e a Eletricidade de Moçambique 2,5%.
A HCB diz que nestas medidas tem presente "a sustentabilidade do empreendimento, balanceando a necessidade de preservar o armazenamento de água com a geração hidroelétrica" e que está a "recolher e sistematizar toda a informação relevante, quer a hidro-climatológica da bacia do Zambeze, quer a informação sobre a gestão das barragens de montante", reconhecendo que a região da África austral, em geral, "continua a registar uma das piores secas dos últimos trinta anos".
A albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior de África, com uma extensão máxima de 270 quilómetros em comprimento e 30 quilómetros entre margens, ocupando 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros.
A empresa aponta que no final da primeira quinzena de setembro a cota da albufeira da HCB estava fixada em 312,87 metros, correspondente a 44,1% da sua capacidade útil, "situação mais confortável comparativamente às barragens de montante, que se encontram com armazenamentos muito mais baixos, e a implementar um dos mais severos regimes de restrições na produção de energia, facto que afeta negativamente" a libertação de água para jusante.
Com base nas previsões climáticas sazonais oficiais de "elevadas probabilidades de chuvas normais com tendência para acima do normal sobre a Bacia do Zambeze, durante a estação chuvosa 2024/25, favorecida pelo fenómeno La Niña", prevê "grandes possibilidades de recuperação razoável do armazenamento de Cahora Bassa durante o ano 2025, o que poderá permitir, gradualmente, o alcance de uma produção hidro-energética satisfatória nos anos subsequentes".
"Porque a produção energética da HCB é deveras importante e indispensável para a estabilidade energética do país e da região, a empresa continuará a tomar todas as medidas necessárias relevantes e a acompanhar as previsões meteorológicas de longo prazo, a evolução da situação hidro-climatológica da Bacia do Zambeze e as atualizações dos planos de exploração das barragens de montante, de modo a permitir que, em tempo útil, possa proceder ajustamentos operacionais indispensáveis para Cahora Bassa", conclui.
A Lusa noticiou em 15 de agosto que os lucros da HCB aumentaram 56,7% até junho, para 8.961 milhões de meticais (127,3 milhões de euros), segundo a empresa, que já alertava para os baixos níveis de armazenamento.
No relatório com as demonstrações financeiras dos primeiros seis meses de 2024, a empresa anunciou que as vendas de eletricidade, em quantidade, situaram-se 6,2% acima do registado no período homólogo de 2023 e 3,5% a mais face ao planeado para o semestre.
"Atendendo aos níveis atuais de produção e vendas, antevê-se que as vendas anuais atinjam 14.257,93 GWh, 1,4% e 1,1% abaixo do atingido em 2023 e do planeado para o presente ano, respetivamente", referia o relatório divulgado em agosto.
Decorrente do desempenho financeiro do primeiro semestre, "estima-se que os resultados líquidos até o fim do ano estejam ao nível dos orçados, ou seja, 13.851,68 milhões de meticais [196,8 milhões de euros]", lê-se ainda no relatório.
Em termos de disponibilidade hídrica, a barragem apresentava em 30 de junho uma cota de 316,98 metros, correspondente 59,17% do armazenamento útil da albufeira.
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