A sentença foi lida na sexta-feira no tribunal militar de Fort Bliss, no Texas (centro-sul), no âmbito de um acordo com as autoridades dos EUA.

King, de 24 anos, foi depois libertado devido ao tempo cumprido em confinamento e ao seu "bom comportamento", disse o advogado, Franklin Rosenblatt, em comunicado.

O militar enfrentava nove acusações, incluindo deserção (crime punível com até cinco anos de prisão), por ter entrado em território norte-coreano a 18 de julho de 2023, enquanto aproveitava uma visita turística à Zona Desmilitarizada entre as duas Coreias, e por outros incidentes anteriores.

No âmbito de um acordo com a justiça, King declarou-se culpado de cinco acusações: uma por deserção, outra por agressão a um suboficial e três por desobediência.

Os documentos de acusação, noticiou o Washington Post, afirmam que King deixou o quartel na Coreia do Sul sem autorização no outono de 2022 e consumiu álcool, contra as regras, tendo ainda pontapeado na cabeça um sargento durante um incidente em outubro de 2022 e solicitado fotografias sexuais de um menor através da aplicação de mensagens Snapchat.

O juiz, tenente-coronel Rick Mathew, condenou King a um ano de prisão, despromoveu-o para o posto mais baixo e retirou-lhe o salário e benefícios.

"Travis King enfrentou desafios significativos ao longo da sua vida, incluindo uma educação difícil, exposição a ambientes criminosos e problemas de saúde mental", disse o advogado, na sexta-feira.

"Todos estes fatores agravaram as dificuldades que enfrentou no exército", acrescentou Franklin Rosenblatt.

O soldado, que prestava serviço na Coreia do Sul, tinha passado 48 dias numa prisão sul-coreana por não ter pagado uma multa imposta em fevereiro de 2023 devido a um incidente com a polícia em Seul.

King deveria ser repatriado para os EUA como medida disciplinar devido aos problemas com a justiça sul-coreana, mas fugiu do aeroporto de Seul para a Coreia do Norte onde, de acordo com Pyongyang, pediu asilo.

Durante a investigação, Travis King confessou ter entrado ilegalmente na Coreia do Norte "porque nutria ressentimento contra os maus tratos, desumanos, e a discriminação racial no seio das forças armadas norte-americanas", indicou a agência estatal norte-coreana KCNA.

O regime de Kim Jong-un anunciou a deportação em setembro de 2023, após a conclusão de uma investigação sobre o caso, mas não divulgou mais pormenores.

A Presidência dos Estados Unidos declarou, a 27 de setembro de 2023, que o soldado se encontrava sob custódia norte-americana, depois de ter sido deportado da Coreia do Norte.

VQ (JMC) // VQ

Lusa/Fim