Numa onda de ataques coordenados durante a noite, a Rússia lançou um total de 67 drones de longo alcance, 58 dos quais foram intercetados e destruídos por unidades de defesa aérea ucranianas, de acordo com um comunicado divulgado pela Força Aérea Ucraniana no Telegram. As defesas aéreas foram ativadas em 11 regiões da Ucrânia.

Os ataques atingiram particularmente a cidade central de Pavlohrad, matando uma pessoa e ferindo mais de 60 outras, incluindo várias crianças, informaram as autoridades locais. A Força Aérea ucraniana indicou que cinco mísseis balísticos Iskander foram lançados a partir de território russo em direção à região de Dnipropetrovsk, contribuindo para a destruição e as baixas em Pavlohrad.

"Este é um dia difícil para a região. O número de feridos em Pavlogrado subiu para 64", destacou o governador da região, Serguii Lysak.

Cinco menores estão entre os feridos, incluindo uma menina de nove anos e dois rapazes de quatro e onze anos, acrescentou.

Entretanto, na cidade ocidental de Lviv, quatro civis foram mortos quando um míssil russo atingiu a sua casa no início desta semana.

Mais 225 milhões de euros em ajuda militar

Os aliados da Ucrânia estão a intensificar o seu apoio. Os Estados Unidos anunciaram um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia no valor de 250 milhões de dólares (cerca de 225 milhões de euros ao câmbio atual), com o objetivo de reforçar as defesas da Ucrânia contra a agressão russa.

Além disso, o Presidente ucraniano anunciou este sábado que vai partilhar um plano de paz com o chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, e com os candidatos presidenciais Kamala Harris e Donald Trump.

"Preparei um plano e quero partilhá-lo com o atual Presidente dos Estados Unidos porque há alguns pontos que dependem" daquele país, afirmou Volodymyr Zelensky em declarações a jornalistas italianos à margem do Fórum Ambrosetti.

Zelensky não revelou pormenores do plano, alegando que ainda é confidencial e será finalizado em novembro, altura em pretende o apresentar a Biden, mas também aos candidatos Kamala Harris (democrata) e Donald Trump (republicano), assim como aos líderes do G7.

Zelensky e Meloni discutiram necessidades da Ucrânia

À margem do Fórum Ambrossetti, que reúne personalidades políticas e económicas mundiais em Cernobbio (norte de Itália) para debater os desafios globais, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e a primeira-ministra italiana Georgia Meloni centraram-se nos "últimos desenvolvimentos no terreno".

Ambos abordaram "as necessidades mais imediatas da Ucrânia nas vésperas do inverno e face aos contínuos ataques russos contra a população civil e as infraestruturas críticas", refere a Agência EFE.

Não foi mencionado por ninguém qualquer acordo específico sobre a utilização das armas, nem se Zelensky conseguiu convencer a chefe do Governo italiano a utilizar as armas na Rússia, uma vez que esta se tem oposto a qualquer utilização para além da defesa.

Ativos russos para compra de equipamento

França vai utilizar uma parte dos 1,4 mil milhões de euros de juros sobre os ativos russos confiscados na União Europeia para financiar a compra de equipamento militar para a Ucrânia, informou o Governo francês.

"Juntamente com outros Estados-membros, o Ministério (francês da Defesa) participará na implementação da nova medida de apoio à Ucrânia no âmbito do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz da UE", afirmou o ministério num comunicado de imprensa.

A operação representa um montante de 300 milhões de euros para a França até 2024, segundo o ministério, esclarecendo que permitirá "à indústria francesa continuar a reforçar o seu apoio à Ucrânia".

Ofensiva de Kursk

A ofensiva de Kursk na Ucrânia gerou dúvidas entre a elite russa, afirmaram chefes da CIA e do MI6, dos Estados Unidos e Reino Unido, respetivamente, num evento do jornal britânico “Financial Times”.

O diretor da CIA Bill Burns defendeu que Kursk foi "uma conquista tática significativa" que elevou o moral ucraniano e expôs as fraquezas da Rússia. Algo que "levantou questões (...) entre a elite russa sobre o curso dos acontecimentos", acrescentou.

Richard Moore, do MI6, afirmou que a ofensiva de Kursk foi "um movimento audacioso e ousado dos ucranianos... . . para tentar mudar o jogo”, embora tenha alertado que era “muito cedo” para dizer por quanto tempo as forças de Kiev seriam capazes de controlar o território russo que haviam tomado.

É a primeira vez que os dois chefes aparecem juntos num evento público na história da parceria entre as duas agências de serviços secretos.

Noutra frente, Rafael Grossi, Diretor-Geral da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), manteve conversações com funcionários russos sobre questões de segurança em duas centrais nucleares localizadas em zonas de conflito ativo: a central de Zaporíjia, que está sob controlo russo, e a central de Kursk, perto da fronteira.