A presidente da Comissão Europeia defendeu que a União Europeia “tem de ser muito clara” com o futuro Presidente norte-americano quanto à aliança da Rússia com Pequim, Teerão e Pyongyang, para convencê-lo a manter o apoio à Ucrânia.

“A Rússia não é apenas um país autocrático que está a ameaçar as democracias, está também a aliar-se cada vez mais a outros países, como o Irão, a Coreia do Norte e a China, para alimentar essa guerra [na Ucrânia] – e penso que este é um argumento em que temos de ser muito claros com os nossos amigos norte-americanos”, sublinhou Ursula von der Leyen, na conferência de imprensa após a cimeira informal dos líderes europeus em Budapeste.

Já o primeiro-ministro húngaro prevê que a nova administração dos Estados Unidos, liderada pelo republicano Donald Trump, deixará de fornecer apoio à Ucrânia na luta contra a invasão da Rússia. “A situação na frente é óbvia, houve uma derrota militar [da Ucrânia]. Os americanos vão sair desta guerra”, disse Viktor Orbán em declarações à rádio estatal.

Outras notícias do dia:

⇒ Os membros da NATO e os parceiros asiáticos condenaram o envio de “milhares de soldados” da Coreia do Norte para a Rússia, dizendo que representa uma “expansão perigosa” da guerra na Ucrânia. Os 32 aliados da NATO denunciam em comunicado “as decisões dos líderes” da Rússia e da Coreia do Norte de “expandir perigosamente a guerra de agressão contra a Ucrânia”, enviando forças norte-coreanas para solo russo, que poderão em breve intervir na guerra na Ucrânia.

⇒ O Kremlin voltou a fugir à questão da presença de soldados norte-coreanos na Rússia, remetendo a questão para o Ministério da Defesa. O Presidente ucraniano assegurou na quinta-feira que soldados norte-coreanos estão a combater na região russa de Kursk, parte da qual está ocupada pelas forças ucranianas, e tinham sofrido baixas. Questionado sobre estas afirmações, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, remeteu a questão para o Ministério da Defesa, que, por princípio, nunca responde a pedidos de jornalistas ocidentais.

⇒ O Conselho da União Europeia prolongou por mais dois anos o mandato da missão de assistência militar da União Europeia de apoio à Ucrânia (EUMAM Ucrânia). A missão vai decorrer até 15 de novembro de 2026, com uma dotação orçamental de quase 409 milhões de euros para o período compreendido entre 14 de novembro de 2024 e 15 de novembro de 2026, segundo um comunicado do Conselho.

⇒ O Governo alemão garantiu que a ajuda bilateral à Ucrânia está assegurada, apesar da instabilidade política ligada à queda da coligação do chanceler alemão, Olaf Scholz, que está a dificultar as discussões orçamentais. “É importante dizer que a ajuda à Ucrânia – apoio militar e apoio financeiro – está garantida e que prestamos uma assistência significativa tanto ao nível interno como no âmbito do G7”, disse uma das porta-vozes do Governo alemão, Christiane Hoffmann, durante uma conferência de imprensa.

⇒ O número de mortes no ataque aéreo russo a Zaporíjia na quinta-feira subiu para oito, incluindo uma criança de um ano, anunciaram as autoridades ucranianas. Há ainda registo de 42 pessoas feridas. A Rússia atacou Zaporíjia com cinco bombas que destruíram várias casas, um edifício residencial e danificaram um hospital oncológico.

⇒ Delegações de direitos humanos russa e ucraniana anunciaram que se reuniram na Bielorrússia para discutir questões humanitárias, um raro encontro entre representantes de Moscovo e Kiev após mais de dois anos e meio de guerra. “Ocorreu uma reunião com o lado ucraniano no território da Bielorrússia”, segundo a representante russa Tatiana Moskalkova. “Estou a interagir com o mediador russo para resolver questões humanitárias”, disse o representante ucraniano Dmytro Lubinets.

⇒ As autoridades ucranianas informaram que a Rússia entregou os restos mortais de 563 soldados ucranianos que morreram em combate, a maioria na frente de Donetsk, na maior operação militar de repatriamento de falecidos desde o início da invasão russa. A confirmação veio do Centro de Coordenação para o Tratamento de Prisioneiros de Guerra, cujo relatório refere que, dos mortos, 320 foram devolvidos do lado russo da frente de Donetsk, outros 89 da frente de Bakhmut e que os 154 restantes estavam em centros forenses em território russo.

⇒ Dois soldados russos foram condenados a prisão perpétua na Rússia por terem assassinado uma família de nove pessoas, incluindo duas crianças, numa cidade ucraniana ocupada em 2023. Anton Sopov e Stanislav Raou, armados com espingardas de assalto com silenciadores, mataram a família Kapkanets, incluindo duas crianças de nove e quatro anos, em Volnovakha, em Donetsk. A condenação é um raro exemplo de reconhecimento pelas instituições da Rússia de abusos cometidos pelos soldados russos nas zonas ocupadas, de que são acusados por ucranianos, países ocidentais e organizações internacionais.

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