A fase regular da Europa League está prestes a começar e apesar do novo formato de liga, que beneficia claramente os mais fortes, esperamos continuar a ter histórias absolutamente utópicas dignas dos sonhos mais criativos e ambiciosos.

A tabela abaixo mostra-nos as probabilidades de todas as equipas chegarem às eliminatórias, tendo em conta, não só o sorteio, como também o momento atual.

O FC Porto é, à data, o principal candidato à conquista da prova, tendo a segunda maior probabilidade de se qualificar para os oitavos de final, enquanto que o Braga é décimo oitavo no que à qualificação diz respeito, ficando por isso, previsivelmente, fora da lista de cabeças-de-série na Europa League.

Que equipas podem fazer história na segunda maior competição a nível europeu?

Qarabağ

O campeão azerbaijanês tem sido presença regular nas provas da UEFA nos últimos anos, remetendo-nos a 2013/2014 a última vez que não chegou à fase regular das provas europeias. Desde aí, é presença assídua e nas últimas três temporadas chegou à fase a eliminar. Tem no seu solo uma fortaleza, tendo apenas somado uma derrota em nove encontros, nas últimas três edições das provas milionárias, contra o todo poderoso Leverkusen da última temporada, É até atípico que tenha perdido os dois jogos das qualificações, em terreno azerbaijanês, para chegar até aqui.

Ainda assim, em fases que não sejam a eliminar é uma equipa sempre muito competitiva, lutadora e com boas individualidades. Destacam-se Yassine Benzia, um médio ofensivo argelino destro com muitos anos de bagagem de futebol francês (Lyon, Lille e Dijon), tecnicista, cerebral e com capacidade de meter passes verticais e Juninho Vieira, avançado que passou por Portugal (Chaves e Estoril Praia) com pouco relevo, mas que tem marcado golos em catadupa pelo emblema Atlılar, na última temporada foram 31 em 55 jogos.

Apesar de algumas deslocações dificilmente pontuáveis, todos os encontros em casa parecem possíveis de conquistar pontos, apesar de equipas históricas como Lyon e Ajax, que estão longe dos seus tempos áureos. É ainda importante que o Qarabağ pode apostar todas as suas fichas nesta Europa League, já que “passeia” no campeonato nacional, na última temporada foi campeão com 25 pontos de distância para o segundo classificado.

Slavia Praga

O Slavia Praga foi eliminado na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões pelo Lille, mas não surpreenderia se por lá tivesse ficado.

Apesar de não ter sido campeão checo, é uma equipa com bastante qualidade em todos os setores, jogando em 3-4-3. Ivan Schranz é um extremo já afirmado no futebol europeu, com boa veia goleadora (partilhou o topo da lista de melhores marcadores do Europeu 2024), Tomáš Chorý é um avançado de área muito útil, sempre pronto a receber cruzamentos, uma arma muito utilizada pela equipa de Jindřich Trpišovský e Lukáš Provod é um jogador versátil, muito disponível fisicamente que pode ser “oito”, extremo ou segundo avançado.

Ainda assim, os principais destaques têm que ir para El Hadji Diouf, ala esquerdo de propensão ofensiva inesgotável que sabe variar entre movimentos interiores e à largura e de cruzamento fácil e Christos Zafeiris, a estrela da companhia, médio de baixo centro de gravidade, com visão de jogo, qualidade no passe e capacidade de rematar de meia distância.

Eintracht Frankfurt

Sendo praticamente impossível atingir o feito de 2022, onde conquistaram a Europa League, o sucesso do Frankfurt em muito dependerá de como conseguir gerir a saúde do plantel, afastando-o de lesões. O grupo tem imensa qualidade em praticamente todos os setores, mas tem pouca profundidade.

O início de temporada da dupla de avançados, Omar Marmoush (sete envolvimentos em golos) e Hugo Ekitike (seis envolvimentos em golos), nas primeiras cinco partidas, é verdadeiramente aliciante. Não me espantaria se fosse a prova de afirmação para Jean-Mattéo Bahoya, extremo francês irreverente e incisivo.

O calendário também pode ajudar ao sucesso, com três receções de grau de dificuldade baixo e alguns jogos fora de solo germânico pontuáveis.

Pelo contrário, quem poderão ser as desilusões da Europa League?

Hoffenheim

O Hoffenheim de Pellegrino Matarazzo pode não vir a garantir muitos pontos, mas espetáculo certamente garantirá. Na presente temporada, em cinco partidas, soma oito golos marcados, treze golos sofridos e apenas uma vitória (3-2) contra o recém-promovido Holstein Kiel na jornada inaugural da Bundesliga.

Na última Bundesliga (34 jornadas), obteve uma diferença de golos nula, com 66 golos marcados e sofridos, originando uma média de 3,83 golos por jogo, estatística que não parece estar a melhorar. Esta temporada, o valor está já nos 4,2 e Ozan Kabak, o melhor defesa central do plantel, está lesionado.

É importante ainda salientar a venda de Maximilian Beier, avançado que oferecia uma saída em profundidade e que foi responsável por 16 golos da turma Hoffi na época transata.

No meio de tantas equipas coesas e talentosas que existem no campeonato alemão, parece algo surpreendente que o Hoffenheim tenha conseguido atingir as competições europeias.

O sorteio está longe de ser simpático com dois dos adversários mais complicados do primeiro pote. O Midtylland e o Dínamo Kiev podem ser traiçoeiros e o histórico com o Braga é desfavorável.

Royale Union Saint-Gilloise

O Royale Union Saint-Gilloise está a sofrer as dores de crescimento de ser um projeto essencialmente vendedor. Saíram Gustaf Nilsson (Club Brugge), Mohamed Amoura (Wolfsburgo) e Cameron Puertas (Al-Qadisiyah), três peças fundamentais para Alexander Blessin, que também abandonou o clube para rumar ao St. Pauli, da Bundesliga.

Foram perdas verdadeiramente importantes, já que juntos somaram, na última temporada, 87 contribuições para golo e isso talvez justifique a falta de golos dos Unionistas, que somam já quatro jogos com a folha de marcadores em branco.

Apesar da chegada de jogadores promissores como Anouar El Hadj ou Mohammed Fuseini, há muito trabalho para o jovem técnico Sébastien Pocognoli fazer, para conseguir reerguer o clube da capital belga.

O sorteio está longe de ser medonho, é bastante equilibrado, sem equipas muito fortes e sem equipas muito fracas, e talvez por isso possa tornar tudo mais difícil, ficando a sensação que a equipa de Bruxelas da época anterior poderia ser verdadeiramente competitiva neste cenário.

AS Roma

A Roma vive um período de verdadeira instabilidade, com o seu terceiro treinador em 2024. O croata Ivan Jurić sucede a Daniele de Rossi que, em janeiro, havia sucedido a José Mourinho no cargo.

O mercado foi muito positivo com as chegadas de por exemplo, Matias Soulé, Enzo Le Fée, Manu Koné, e ainda ter conseguido segurar o voo de Paulo Dybala para terrenos árabes, mas toda a insegurança, falta de rotinas, de tempo e a exigência brutal dos adeptos romanos pode tornar este sonho num verdadeiro pesadelo.

O sorteio também não foi simpático, com jogos no Olímpico de alguma exigência, deixando os três jogos mais simpáticos para serem jogados fora de portas.

Aconteça o que acontecer, uma coisa é praticamente certa. Existirão mais jogos e, consequentemente, mais espetáculo nesta Europa League.