A investigação das autoridades italianas, que levou à detenção de 19 ultras do Inter e do Milan no início da semana, colocou a nu um volume de negócios gigantesco a envolver as claques, segundo revela a 'Gazzetta dello Sport'. Nas escutas telefónicas os suspeitos falam em "milhões" provenientes de esquemas como gestão de parques de estacionamento, pressão sobre a restauração do Giuseppe Meazza, sobre os vendedores de comida fora do estádio e até cervejas revendidas com margens de lucro.

Mas a grande fonte de receitas estava relacionada com os bilhetes. Conta o diário cor de rosa que para a final da Liga dos Campeões de 2023, por exemplo, em que o Manchester City acabou por bater o Inter em Istambul, os ultras nerazzurri chegaram a falar com o treinador Simone Inzaghi para 'defender' a causa da claque junto do presdente Beppe Marotta, no sentido de lhes arranjar mais bilhetes, com o intuito de os venderem depois por preços avultados.

Nas escutas as autoridades perceberam que os ultras abordaram também o vice-presidente Javier Zanetti e os jogadores Nicolò Barella e Hakan Calhanoglu. 

Inter e Milan são "lesados" e não estão envolvidos na investigação, mas ainda são alvo de um "procedimento de prevenção", com presença dos respetivos advogados. Os clubes estão "disponíveis para colaborar" e devem prestar esclarecimentos. Os procuradores do Ministério Público, entre os vários pedidos que fizeram aos clubes, solicitaram o reforço dos controlos no estádio sobre nomes e lugares, para que mesmo na zona das claques o lugar indicado no bilhete seja devidamente ocupado.

Recorde-se que as autoridades italianas estão a investigar as claques dos dois clubes por suspeitas de "associação criminosa, extorsão e outros crimes graves".