— Desde que deixou de jogar tornou-se agente de jogadores. Essa nova carreira diminuiu-lhe aquelas saudades que tem de ser basquetebolista?

— Nada! Mas, aproveito para comunicar uma coisa: estou também a deixar o agenciamento. Ainda me encontro a acompanhar os atletas que coloquei esta época, mas já informei alguns clubes. Espero fazer uma publicação em breve, para dizer que, neste momento, estou a virar a página. Tenho projetos pessoais que ficaram em stand by muito tempo.

Andei estes anos sempre a fugir, a dizer que não queria ser treinador, mas estou a adorar.

Encontro-me a tirar o grau 2 de treinador e estou a adorar. Andei estes anos sempre a fugir, a dizer que não queria ser treinador, mas estou a adorar. E  estou a dar treinos. Sou o presidente dos Linces de Mafra, treino os sub-16, e também sou um pouco coordenador, entre aspas. Tenho partilhado o meu conhecimento com os outros técnicos do clube. Além disso, , tenho uns projetos engraçados que mais tarde apresentarei. A ideia é  manter-me ligado à modalidade, trabalhar com jovens e deixar uma marca em Portugal. Esses são os objetivos.

— Um dos primeiros jogadores de que foi agente, se não o primeiro, foi o Neemias Queta, não foi?

— Sim, comecei ao contrário. Comecei com o da NBA e acabei na CM2 [risos].

 — Acompanhou-o nos anos em que ele foi para a Universidade de Utah State. No início do sonho americano dele, mas pelo qual  também já tinha passado nos Estados Unidos quando estudou e jogou nos Queen Royals e fez trial na NBA. Hoje o Neemias é campeão da NBA. Como se sente?

— Superorgulhoso. Esteve presente comigo naquela altura em que ele foi o Combine da NBA, em Chicago, e viu o stress que foi. A luta que foi aquele processo todo. Depois do Neemias voltou para a faculdade, seguiu o caminho dele e entrou na NBA através do draft. Estou mesmo superorgulhoso porque ele teve as ideias bem claras desde o início e não deixou que alguém o influenciasse e o tirasse do rumo que sabia que tinha que seguir.

Mas já lhe disse que tem que ganhar outra vez. Para o ano não falho, estou lá no jogo da final para festejarmos.

A prova está aí. Foi campeão nos Boston Celtics, a franchise que tem mais títulos. O que é que se pode dizer a um percurso igual ao do Neemias? Só que é um orgulho porque o conheço bem, conheço bem a família e que está a deixar um legado para a nossa modalidade. É algo que espero que as pessoas valorizem. Que as instituições, federações, associações, clubes, o próprio país, governo e ministro do desporto entenda que muito dificilmente estaremos a falar de outro jogador na NBA.

Temos agora o Ruben Prey com essa possibilidade, temos alguns ouros miúdos, mas será que têm o que é preciso? Ainda não estamos nesse ponto a nível do desenvolvimento de nossos jovens nas modalidades. Por isso é que temos que dar muito valor ao que o Neemias está a fazer e ao que estamos a viver neste momento no nosso basquetebol.

— Emocionou-se quando o viu ser campeão?

— Claro! Mandei-lhe logo uma mensagem. Era para ter ido à entrega do anel. Convidou-me, queria que acompanhasse a mãe dele, mas, infelizmente, não podia por causa do trabalho, da família. Não se proporcionou. Mas já lhe disse que tem que ganhar outra vez. Para o ano não falho, estou lá no jogo da final para festejarmos. E depois vou à cerimónia do anel.